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NELSON MOTTA
Muito barulho por nada
RIO DE JANEIRO - Ou eles não souberam explicar, ou nós não soubemos
entender. Ou não quisemos. Mas perdeu-se muito tempo e espaço, bites e
papel numa discussão inútil sobre
uma questão simples e objetiva.
O ministro Celso Amorim, um homem de bem, culto e competente, de
alto espírito público, foi ridicularizado e achincalhado até por gente sem
qualificação para engraxar-lhe os sapatos. E sofreu impiedosas gozações
até mesmo de amigos como eu, que o
respeitam e admiram. "Sorry", embaixador. Mas quem poderia resistir
a essa bola pulando na área? Diplomacia petista quer abolir o inglês do
Itamaraty!
Era um convite irrecusável ao deboche, às acusações de provincianismo e ignorância, de xenofobia e antiamericanismo delirantes do PT e do
governo Lula.
É claro, essa parte primitiva e fundamentalista do PT merece. Mas eles
não estão nem no poder nem no governo. Ficam gritando, fazem muito
barulho, mas têm pouca influência
nas decisões e nas políticas de governo no atacado -apenas no varejo
fazem seus estragos. Se pudessem,
aboliriam não só o inglês como o próprio Itamaraty e romperiam relações
diplomáticas com os Estados Unidos.
Mas foi uma "big" injustiça com o
governo e o ministro. Ninguém queria abolir o inglês, a idéia era apenas
não torná-lo eliminatório no processo de seleção ao Itamaraty. Os aprovados, durante o curso, estudarão inglês e outras línguas profundamente
até estarem aptos às funções diplomáticas. Como sempre foi e será. Só
isso. O óbvio.
Então por que tanta discussão e
confusão em torno de nada? Pela
oportunidade de tentar desmoralizar
o governo? "Yes"! Por preconceito?
"Yes"! Má vontade? "Yes"! Má-fé?
"Yes"! Pelo histórico do partido?
"Yes"! Por falta de clareza e de comunicação adequada do governo?
"Yessssssss"!
Ou, como dizia Shakespeare,
"much ado about nothing".
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