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Editoriais
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Mau exemplo
EM CONSONÂNCIA com o crescente desapreço de políticos e autoridades pelas
mais elementares recomendações éticas, a Petrobras faz vista
grossa à quebra de sigilo ocorrida
durante a licitação de suas novas
agências de publicidade. Os competidores disputam o rateio de
uma verba de cerca de R$ 250
milhões por ano.
O nome das candidatas mais
bem classificadas na etapa decisiva da concorrência foi antecipado, na semana passada, em noticiário veiculado pela internet.
Pelas regras, os membros da comissão encarregada do processo
não poderiam saber a qual agência corresponderia cada proposta -pois os envelopes estavam
identificados por algarismos.
Anteontem, a direção da estatal limitou-se a dizer que seguiria
a sugestão de sua área jurídica de
dar continuidade à seleção.
Mais poderoso conglomerado
do país, um dos maiores do mundo, a Petrobras parece considerar-se acima do bem e do mal.
Seus dirigentes comportam-se
como se o êxito da empresa e sua
identificação com aspirações nacionalistas lhes outorgassem
imunidade para transgredir regras e princípios incômodos.
O mau exemplo, aliás, neste caso, vem de cima. Não faz muito, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva atropelou o Legislativo e o
Tribunal de Contas da União ao
sancionar o Orçamento de 2010.
O Executivo vetou parte das ressalvas apresentadas pelo TCU a
obras da Petrobras -medida que
representou na prática a liberação de R$ 13 bilhões para quatro
projetos da empresa com problemas avaliados como "graves" pela fiscalização.
Por sua história e por seu status de empresa pública, a Petrobras deveria dar exemplo de correção corporativa e de sensibilidade na hora de prestar contas à
sociedade. Mas prefere atuar como se fosse uma espécie de Estado dentro do Estado ao qual todos deveriam se curvar.
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