São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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Editoriais

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Mau exemplo

EM CONSONÂNCIA com o crescente desapreço de políticos e autoridades pelas mais elementares recomendações éticas, a Petrobras faz vista grossa à quebra de sigilo ocorrida durante a licitação de suas novas agências de publicidade. Os competidores disputam o rateio de uma verba de cerca de R$ 250 milhões por ano.
O nome das candidatas mais bem classificadas na etapa decisiva da concorrência foi antecipado, na semana passada, em noticiário veiculado pela internet. Pelas regras, os membros da comissão encarregada do processo não poderiam saber a qual agência corresponderia cada proposta -pois os envelopes estavam identificados por algarismos.
Anteontem, a direção da estatal limitou-se a dizer que seguiria a sugestão de sua área jurídica de dar continuidade à seleção.
Mais poderoso conglomerado do país, um dos maiores do mundo, a Petrobras parece considerar-se acima do bem e do mal. Seus dirigentes comportam-se como se o êxito da empresa e sua identificação com aspirações nacionalistas lhes outorgassem imunidade para transgredir regras e princípios incômodos.
O mau exemplo, aliás, neste caso, vem de cima. Não faz muito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atropelou o Legislativo e o Tribunal de Contas da União ao sancionar o Orçamento de 2010. O Executivo vetou parte das ressalvas apresentadas pelo TCU a obras da Petrobras -medida que representou na prática a liberação de R$ 13 bilhões para quatro projetos da empresa com problemas avaliados como "graves" pela fiscalização.
Por sua história e por seu status de empresa pública, a Petrobras deveria dar exemplo de correção corporativa e de sensibilidade na hora de prestar contas à sociedade. Mas prefere atuar como se fosse uma espécie de Estado dentro do Estado ao qual todos deveriam se curvar.


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