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CARLOS HEITOR CONY
Viver custa caro
RIO DE JANEIRO - Nos planos de
Deus, a vida seria de graça. Mas, depois daquela história da maçã, o homem foi condenado a comer o pão
regado com o suor do rosto. E a mulher, a parir seus filhos com dor.
Tanto o parto como o pão custam
caro. Poderiam ser mais baratos,
mas a engrenagem social também
custa caro, o ginecologista cobra e o
padeiro também cobra. E todos acabam pagando.
Piores são os governos federal,
estadual e municipal, que também
custam os olhos de nossa cara e de
nosso bolso. A saúde pública e a
Previdência Social, apesar de custarem caríssimo, mal conseguem verbas para custear sua estrutura burocrática, que, além de cara, é problemática.
Daí que o povo paga e não bufa.
Morre-se facilmente quando se é
pobre. Rico também morre, quando
chega sua hora. Mas o pobre geralmente morre mal e muitas vezes fora de hora.
As doenças crônicas, por serem
crônicas, devem ser cronicamente
tratadas. A falta de dinheiro, que
também é crônica para a maioria,
não apenas atrapalha como agrava
o problema.
Há males que pedem medicação
permanente: as doenças do coração, o câncer, a Aids, o diabetes. Em
todas elas, a preocupação com o
custo do tratamento funciona como
um complicador, que retarda ou
torna impossível a cura.
Os laboratórios produzem os medicamentos com uma taxa de risco
que aumenta o preço dos produtos.
As farmácias, que recebem esses
produtos para vender, costumam
aumentar os preços por conta própria. O consumidor final não pode
estrilar. É pagar ou morrer. Termina a vida pagando e morrendo.
Em todo o caso, há uma lei compensatória nisso tudo. O presidente
da República já estava no avião para
ir a Davos e foi tirado de bordo por
causa da pressão alta. Acredito que
não tenha pago nada, tudo fica por
conta da mordomia do Estado.
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