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MUY AMIGOS
A segunda administração Bill Clinton trouxe para a América Latina expectativas de mudança no relacionamento, não apenas de maior atenção
como de ampliação da agenda. O
anúncio de visitas do presidente norte-americano à região é o maior indício dessa nova perspectiva.
Mas os fatos pesam mais que essas
expectativas e se tornaram mais graves com o debate sobre a decisão do
governo dos EUA quanto a reclassificar ou não o México como aliado na
guerra ao narcotráfico. A decisão foi
afinal por manter o status do país.
Uma negativa abalaria as relações
econômicas entre os dois países.
Em 1996, 400 toneladas de cocaína,
150 de anfetaminas e 15 de heroína
foram ``exportadas'' do México para
os EUA. Há sinais de ``corrupção
endêmica'' no governo mexicano.
O episódio é revelador, entretanto,
das dificuldades que a América Latina ainda enfrenta para superar o estigma do narcotráfico. Aliás, no mesmo dia em que os EUA confirmavam
o México como parceiro, fugia das
prisões mexicanas um importante
chefe do cartel criminoso. O fato reforçou os protestos no Congresso
norte-americano, onde ainda há
quem defenda sanções mais duras.
A questão do narcotráfico, aliás,
tem importantes implicações econômicas, pois a expansão dos acordos
entre os EUA e outros países depende dos congressistas.
As evidências de que os problemas
de criminalidade e imigração associados ao tráfico de drogas se agravam em nada contribuem para criar
um horizonte favorável. A questão da
lavagem de dinheiro do narcotráfico
é igualmente perturbadora.
Afinal, logo depois da crise do México, os EUA injetaram bilhões de
dólares para preservar o sistema financeiro mexicano. A iniciativa foi
crucial, mas perde legitimidade diante de evidências de que esse mesmo
sistema torna-se um centro para operações ilícitas.
Recuos na relação entre EUA e México são improváveis. Entretanto, a
dimensão do narcotráfico ilustra
bem como é difícil renovar a agenda
latino-americana em Washington.
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