São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Bingos
"O artigo de Luiz Fernando Delazari ("Mais verdades sobre os bingos", "Tendências/Debates", pág. A3, 2/3) é extremamente oportuno. Ele lembra uma corajosa crônica de dom Lucas Moreira Neves, saudoso arcebispo da Bahia e primaz do Brasil, de 1989, intitulada "Senhores, não façam seus jogos". O arcebispo começava seu texto com uma citação de Ruy Barbosa, contundente como um açoite: "De todas as desgraças que penetram no homem pela algibeira e arruínam o caráter pela fortuna, a mais grave é, sem dúvida, esta: o jogo (...), ele zomba da decência, das leis e da polícia". Fico feliz com o zelo da Folha por esse tema."
Mário Amora Ramos (Salvador, BA)

 

"Passou da hora de o governo liberar toda e qualquer exploração do jogo no Brasil. O país necessita de empregos, do faxineiro ao técnico. E é sabido que o empresário que explorar essa atividade econômica fará investimentos buscando não só os adeptos de dentro do país como aqueles que vêm de fora. Uma gama de empregos será aberta. Mas cabe ao governo fiscalizar de forma devida uma atividade como o jogo. Quem sabe com isso seja diminuída a "corrupção" existente no alto e no baixo escalão."
Julio Cesar (São Paulo, SP)

Anúncios
"Causou-me estranheza a reportagem "Delegacia para turista divulga prostituição" (Cotidiano, 21/2). A reportagem mostra -corretamente, a meu ver- a distribuição de revistas com anúncios de garotas de programa. A reportagem chegou a telefonar para duas garotas a fim de confirmar a natureza de seus serviços. Mais adiante, sob o intertítulo "fato inaceitável", traz a opinião de advogado criminalista que condena tais anúncios, pois, diz ele, "quem ganha algo explorando o ato sexual de outras pessoas está fora da lei". Primeiramente, gostaria de dizer que sou contrário à existência do fato revelado pela reportagem, principalmente por tratar-se de órgão público. Mas o mais estranho de tudo isso é que, há muitos anos, pode-se ler nos classificados da Folha, na seção de "acompanhantes", inúmeros anúncios de garotas oferecendo seus serviços de natureza sexual. A dúvida que fica é a seguinte: segundo o criminalista entrevistado, não estaria a Folha também "ganhando" ao explorar comercialmente tais anúncios?"
Gabriel Tavares (São Paulo, SP)

Condenação
"O artigo "A condenação moral abstrata do PT" ("Tendências/Debates", 3/3) é um sofisma: o da ignorância da questão. O professor Fábio Konder Comparato não proferiu nenhuma condenação abstrata do PT. Condena-o concretamente, baseando-se na culpa "in eligendo" e na culpa "in vigilando" do ministro Dirceu pela escolha do mau funcionário Waldomiro Diniz e pela sua desídia em vigiá-lo. Foi-se o tempo em que o Estado não era responsável por seus atos. Os administrados merecem ser indenizados, pelo menos moralmente, com o afastamento, ainda que temporário, do ministro responsável. Ou regredimos ao tempo da irresponsabilidade do Estado?"
Marcos Peixoto (São Paulo, SP)

Assim caminha
"A suposta declaração bombástica que o senador Almeida Lima prometeu que faria e não fez nos dá a noção perfeita da competência dos políticos que temos elegido ultimamente. Aproveitando-se do tumultuado momento em que os holofotes da mídia se direcionam para o Congresso, aqueles que nunca aparecem -por que nunca têm nada a apresentar àqueles que o elegeram- tentam, de todas as formas, apagar a sua inércia, nem que para isso passem sobre a dignidade dos poucos que tentam fazer algo pela população. Além disso, aproveitando-se da onda de linchamento moral sobre um, os corruptos se refestelam, pois não há momento mais propício para, por meio do erro de um, serem encobertos os podres dos outros. Aproveitam-se também os menos capazes para se projetar para as eleições seguintes. E assim caminha o país. Vai eleição, vem eleição e o trabalho dos nossos representantes tem-se resumido a CPIs, sindicâncias, processos administrativos, enfim, a tentativas de descobrir quem foi mais capaz de desviar recursos."
Carlos Alberto Leite (Florianópolis, SC)

Tipos
"Antes, a maldição do Brasil era o sucesso dos políticos do tipo "rouba, mas faz". Agora, para nossa tragédia, descobrimos que, no Partido dos Trabalhadores, alguns companheiros também roubam, mas, até agora, nada foi feito. Se antes tínhamos pesadelos, agora ninguém consegue dormir por estar desempregado ou com fome ou por não saber como fazer para pagar tantos impostos e os juros extorsivos. Deus não permita que a esperança, que já virou decepção, se transforme em ódio e que as próximas eleições sejam anuladas por excesso de votos nulos ou pelo fato de milhões de eleitores considerarem uma "boa idéia" rasgar os seus títulos eleitorais."
Claudio Souto (Rio de Janeiro, RJ)

Pouco?
"A Folha mostrou que, com a cobrança de contribuição previdenciária dos aposentados, o governo economizará (deixará de pagar) em torno de R$ 1 bilhão por ano. A Folha também noticiou que o PIB brasileiro encolheu 0,2% em 2003. Aquele R$ 1 bilhão que se retira dos aposentados deixará de ir para o comércio, que comprará menos da indústria. E ambos, com certeza, cortarão postos de trabalho. É pouco? Será que ninguém percebe que em 2004 a coisa ficará ainda mais PreTa?"
Luiz Carlos Déa (Campo Largo, PR)

Zôo
"A morte dos animais no zoológico de São Paulo demonstra que a causa dos animais está sendo agredida e, se não tomarmos uma atitude séria, em breve nós a teremos indefesa e submetida a outros atentados. O que levaria alguém a cometer esse crime? Será que os seres humanos perderam o respeito para com as outras espécies? Devemos lutar para que os animais jamais sejam retirados dos locais onde nasceram, permitindo que se desenvolvam plenamente. Os animais dos zoológicos gritam por socorro, e esse grito precisa ecoar no coração e na mente de todos os cidadãos, principalmente nos das autoridades."
Vininha F. Carvalho, vice-presidente da Liga de Prevenção à Crueldade contra os Animais (Guaratinguetá, SP)

Melhores
"A Folha publicou ontem a reportagem "Itália e França superam o Brasil em craques, diz Pelé" (Esporte, pág. D1), sobre a escolha dos melhores jogadores do mundo feita por Pelé. Estou indignado! Como foi que Pelé não colocou na sua lista alguns monstros sagrados do futebol brasileiro, como Zito, Gérson, Rivellino, Tostão, "a enciclopédia do futebol mundial" (Nilton Santos) e, principalmente, como diz a reportagem, como acreditar" que o futebol pentacampeão do mundo só possua 12 jogadores nessa lista, ficando atrás de países como a França e a Itália? E olhe que não estou citando Coutinho -um dos maiores responsáveis pela artilharia de Pelé- apenas pelo fato de ele não ter sido campeão do mundo pela seleção brasileira.
Luiz Eduardo Martins (Recife, PE)

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