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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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CLÓVIS ROSSI

A reconstrução do mundo

SÃO PAULO - Se há queixas e resmungos sobre a suposta ou real inação do governo Luiz Inácio Lula da Silva, um mínimo de honestidade exigiria dizer que, para a sua diplomacia, vale exatamente a observação oposta: está hiperativa.
Para não mencionar o frenesi de negociações em que funcionários brasileiros estão envolvidos, só o chanceler Celso Amorim acaba de concluir um périplo em que falou com praticamente todo o mundo que conta no jogo.
Do papa a Igor Ivanov, o chanceler russo, de Javier Solana, uma espécie de chanceler da União Européia, a vários ministros latino-americanos e europeus, entre eles o francês Dominique de Villepin.
Fala-se de uma tarefa nada trivial: reconstruir o mundo ou mais propriamente a governança global, a cargo das Nações Unidas.
"A ONU não pode ser apenas uma grande Cruz Vermelha, com todo o respeito pela Cruz Vermelha, até porque a Cruz Vermelha faz melhor esse tipo de trabalho", diz Amorim.
Tradução: as Nações Unidas não podem ficar incumbidas apenas do auxílio humanitário e da reconstrução do Iraque.
"É preciso reconstituir a barganha inicial, em que cada um cede um pouco, para reconstruir a governança global", diz o chanceler brasileiro.
Falta combinar as concessões de cada um com os russos, diria Garrincha, sendo que, no momento e nas circunstâncias, os "russos" são os norte-americanos.
Amorim bem que tentou. Como Colin Powell estaria na Europa mais ou menos no mesmo momento, a diplomacia brasileira fez um contato com o segundo homem do Departamento de Estado para ver se seria possível uma conversa entre Amorim e Powell.
Não deu: Powell chegou depois da partida do ministro brasileiro.
Mas o recado está dado: o governo Lula tem duras críticas a George W. Bush, mas quer fazer com a diplomacia americana o que chama de "avaliação conjunta" sobre a reconstrução do mundo.


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