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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Sessão da tarde

BRASÍLIA - Não há uma só vivalma na Câmara e no Senado que acredite na inocência de Antonio Carlos Magalhães nos grampos da Bahia. Mas há divergências sobre o que fazer.
Há quem queira o processo e a cassação já. Há quem defenda simplesmente deixar tudo para lá. E há uma parcela, aparentemente crescente, que prefere um meio-termo: puna-se, mas sem cassar.
Essa solução parecia ontem bem forte no Conselho de Ética do Senado durante depoimento dos jornalistas da revista "Isto É": o envolvimento de ACM nos grampos (executados pelo governo da Bahia) é evidente, mas não há provas de que ele seja o mandante. Ah, bom! Que tal, então, uma suspensão?
Dez entre dez senadores e deputados dizem, "off" (sem publicar seus nomes), que ACM está frito. Mas, se é o que se ouve, não é o que se sente no Congresso. O clima para renúncias e cassações é sempre quente, premente, com as câmeras de TV em cima. O clima que se tem hoje é morno. À espera de fatos ou de personagens que joguem mais lenha na fogueira.
É por tudo isso que o Conselho de Ética parece um desses filmes que, mesmo sem que os vejamos, já sabemos ou intuímos como começam, como se desenrolam e até como podem acabar. Sem surpresa.
Os senadores a favor da cassação entram, perguntam, ouvem e... saem a favor. Os que são contra também entram e saem contra. E o depoente pode dizer o que quiser, mas todos só ouvirão o que bem entenderem. Porque já tiraram suas conclusões antes mesmo da primeira palavra.
Ontem, os jornalistas mostraram o esperado: 1) a gravação de um telefonema em que ACM, escorregadio, admite ter vazado degravações; 2) comparações entre declarações obtidas ilegalmente e textos enviados por ele nos dias seguintes para autoridades. Há trechos quase idênticos.
Até agora, uns senadores pressionam pela punição, e outros empurram com a barriga. Quanto mais tempo, melhor para ACM. E os fatos? Fatos há aos borbotões. A questão é vontade e coragem para decidir.


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