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CARLOS HEITOR CONY
Presidente municipal
RIO DE JANEIRO - Nada confortável
a posição de Lula na atual crise que
ele atribui a episódio eleitoral, explorado pela oposição para conquistar
prefeituras e vereadores ainda neste
ano.
Além de primária, a avaliação que
o presidente tem da crise revela a dimensão de sua perspectiva política.
Quando candidato, muitos temiam a
sua eleição pelo fato de não possuir
uma escolaridade óbvia e, nesse particular, por diversas vezes critiquei
esse temor: presidente não precisa ser
sábio nem doutor. Sócrates e Cristo
mudaram a história da humanidade, não tinham diplomas e nada deixaram escrito.
Mas o currículo de Lula, se é comovente e maravilhoso do ponto de vista pessoal, no terreno político é mesquinho, bitolado pelas lutas sindicais, necessárias sem dúvida, mas limitado a uma parcela da problemática de um chefe de Estado.
De sua experiência na vida pública,
sabemos que foi deputado por uma
legislatura, não quis se reeleger e, entre os motivos de seu desamor pelo
mandato legislativo, ficou aquela
frase que ele hoje deve renegar, a de
que no Congresso havia centenas de
malandros ou coisa equivalente.
Nunca administrou um orçamento,
a não ser o doméstico, mesmo assim é
ajudado por amigos desinteressados
que estão ali para isso mesmo: ajudar. Não foi vereador, prefeito, governador, nunca teve uma chaminé para manter acesa, uma folha de pagamento para lhe tirar o sono.
Bem verdade que, com a genialidade que lhe atribuem, ele poderia dar
a volta por cima e ser o melhor presidente de nossa história, com a sua intuição, seus bons propósitos, sua honestidade individual.
Mas está caindo na vala da mais
deprimente banalidade ao repetir a
mesma lengalenga de políticos que
estão longe de possuir uma biografia
brilhante como a sua.
A desculpa que agora apresenta é
própria de prefeitos provincianos cujo horizonte político é balizado apenas pela caça de votos.
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