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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Brasil, um país privilegiado
Quanto mais leio sobre agricultura, mais me encanto com o
Brasil. Recomendo a leitura de uma
reportagem sobre o assunto publicada
pela revista "Veja" de 3 de março de
2004.
Como somos privilegiados em matéria de agricultura! O Brasil possui
uma área de 850 milhões de hectares,
dos quais 282 milhões são usados pela
agropecuária. Há ainda 106 milhões
de hectares para serem explorados. É
uma imensidão de terra!
Das áreas cultivadas, cerca de 220
milhões de hectares são usados para a
pecuária e apenas 62 milhões para as
lavouras. Temos muito o que expandir, mesmo porque as tecnologias modernas permitem produção crescente
com área decrescente.
Mas as tecnologias devem ser utilizadas com cuidado. Feliz é o país que
pode usá-las criteriosamente e, ao
mesmo tempo, dar descanso à terra. É
o nosso caso.
Dentre os principais produtos consumidos no mundo, 70% são compostos por milho (37%), arroz (22%) e
soja (10%). O restante (30%) refere-se
ao trigo.
Nos três primeiros produtos, o Brasil tem dado um show de produtividade e pode melhorar muito. Mesmo no
caso do trigo, os avanços são significativos. Hoje, produz mais de 50% do
consumo nacional. A safra de 2003 foi
de 5 milhões de toneladas. A área
plantada aumentou 16% em relação à
de 2002. Podemos chegar à auto-suficiência em poucos anos e até continuar a exportar os excedentes da produção.
Dos 106 milhões de hectares disponíveis para a agropecuária, cerca de 16
milhões foram usados em produção
passada. A maior parte do solo se tornou improdutiva devido aos maus-tratos. Restam, porém, 90 milhões de
hectares! São áreas virgens, que nunca
produziram e que estão com sua potencialidade total.
Comparados com os americanos,
estamos no paraíso. Naquele país não
há um só metro quadrado de terra disponível para a agropecuária. Imagine
a inveja que eles têm de nós ao saber
que possuímos nada mais, nada menos do que 106 milhões de hectares
para a exploração agrícola!
O que não dá para entender é essa
desordem que se alastra no campo
por disputas de terra. O governo federal decidiu liberar quase R$ 2 bilhões
para facilitar o assentamento das famílias que demandam trabalho agrícola. Foi uma importante decisão.
Mais importante do que isso é usar
bem o dinheiro. Entre assentar uma
família e torná-la produtora vai uma
grande distância. Mas, dada a nossa
extensão territorial, o Brasil tem tudo
para acomodar essas famílias e, ao
mesmo tempo, criar milhões de empregos indiretos no interior como decorrência dos avanços na agricultura
moderna. Não há contradição nessa
equação. Tecnologia e emprego podem contribuir para criar empregos
em outros setores da economia (em
particular, no comércio e nos serviços
locais) e para gerar receitas para investimentos públicos que, por sua vez,
demandam muito trabalho. São as
virtudes indiretas da produção agropecuária.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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