São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2011

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Classe média em alta

Na última década, o perfil socioeconômico do país mudou -e muito. A principal novidade foi o fortalecimento da classe C, composta por famílias que têm uma renda mensal domiciliar total (somando todas as fontes) entre R$ 1.126,00 e R$ 4.854,00.
Os números indicam que ocorreu uma considerável mobilidade social nos últimos anos: entre 2004 e 2010, 32 milhões de pessoas ascenderam à categoria de classes médias (A, B e C) e 19,3 milhões saíram da pobreza. A classe C é hoje detentora de 46,5% da renda nacional.
Não se pode dizer que o país tenha mudado da noite para o dia. A modificação resulta de múltiplos fatores, da estabilização de preços às mudanças demográficas, da educação ao mercado de trabalho.
Embora essa tendência tenha se aprofundado com a política de distribuição de renda do governo do PT, seria incorreto dizer que surgiu com ele. No início da década passada, a classe C representava 40% da população. Em 2010, essa parcela era de 52%.
Nem a elite nem a base da pirâmide social (classes D e E) decidirão eleições. A nova classe média será o fiel da balança eleitoral.
Pesquisas recentes sugerem que o novo eleitor é conservador: está mais preocupado com o bolso do que com participação política, deseja consumir, ter emprego formal e renda e conquistar espaço para provar-se empreendedor.
Considerando que as famílias da classe C não possuem renda elevada, é provável que venham a privilegiar, na agenda politica, os temas da qualidade em educação, saúde e transporte. Sentirão o peso da desproporcional carga tributária e exigirão reformas voltadas a reduzi-la -não por ideologia ou convicção, mas por pragmatismo.
Não apenas as empresas precisarão redefinir suas estratégias de mercado, adaptando produtos aos gostos e demandas desse novo contingente, mas também os partidos políticos e seus estrategistas.
O PT, durante o governo Lula, arregimentou sua maior base eleitoral nas camadas pobres, entre os beneficiários da Bolsa Família. Talvez seja, hoje, a agremiação que mais tenha com que se preocupar diante da ascensão da classe média, se não conseguir dar respostas a seus anseios.


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