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CLÓVIS ROSSI
As duas acareações
BELO HORIZONTE - Envolvido em um seminário sobre a Alca (Área de
Livre Comércio das Américas), acompanhei apenas breves momentos da acareação entre os senadores Antonio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda e a funcionária Regina Borges.
Mas não creio que tenha perdido
grandes coisas. Até porque o que importa não é o que tenham dito ou deixado de dizer os três personagens,
mas o julgamento do público e da mídia. Atrevo-me a supor que o julgamento não será muito diferente do
que fizeram os internautas do UOL
consultados sobre quem está dizendo
a verdade. Até 17h, 93% diziam que
era a funcionária. Só 6% acreditavam em ACM e menos ainda (2%)
em Arruda.
Portanto, a menos que os senadores
queiram desmoralizar ainda mais
uma Casa já bastante machucada,
não têm mais remédio que não abrir
o processo de cassação dos dois senadores.
Enquanto isso não ocorre, faço
uma breve observação sobre uma outra acareação, que me parece infinitamente mais relevante. É cada vez
mais evidente que os diplomatas brasileiros sentem-se inseguros na negociação sobre a Alca.
Já ouvi de três embaixadores, em
momentos diferentes, a queixa de
que são acusados, internamente, de
"entreguistas", enquanto, nos EUA,
são criticados por supostamente emperrar a Alca.
A insegurança decorre do fato de
que "evidentemente não há consenso
(no Brasil) sobre a Alca", como diz o
chanceler Celso Lafer.
Se é assim, o governo e a sociedade
organizada têm o dever elementar de
sentar à mesa e, nessa acareação,
tentar um consenso mínimo. Como
constata Stefan Bogdan Salej, presidente da Fiemg (a federação das indústrias de Minas Gerais), "os negociadores brasileiros serão tanto mais
fortes quanto mais a sociedade lhes
transmitir uma estratégia nacional".
É justamente o que falta.
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