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ELIANE CANTANHÊDE
Desafio à inteligência
BRASÍLIA - Regina Borges recebeu uma consulta, pedido, ordem, missão, pleito ou determinação? Ela não deixou dúvidas.
Consulta: "Descarto absolutamente". Pedido: "Entre pedido e ordem,
há uma tênue diferença". Ordem:
"Dependendo de como o pedido chega, tem força de ordem". Também
usou as palavras "pleito", "missão" e
"determinação". Afinal, cumpria ordem? "Quanto a isso, não arredo."
Apesar da ênfase e da variedade de
substantivos, ACM não assume nenhuma das seis palavras incriminatórias. Não consultou, não pediu, não
deu ordem, não deu missão para ninguém, não avalizou pleito nenhum
nem determinou nada.
José Roberto Arruda assume uma:
repetiu que fez uma "consulta" à então diretora do Prodasen sobre a segurança do sistema de votação. Uma
"consulta amena e tranquila". Ela é
que entendeu errado e saiu feito uma
celerada para quebrar o voto sigiloso
dos senadores?
ACM está mais magro e abatido.
Arruda, o cara-de-pau, arrancou risadas na bancada de imprensa ao
impostar a voz num momento qualquer e declarar: "Com toda a franqueza...". Regina, apesar de tensa, rebateu tudo sem titubear.
Contou, inclusive, que ficou insegura quando Arruda pediu que entregasse a lista a um assessor. Não era
para o então presidente do Senado?
Só se tranquilizou quando o próprio
ACM ligou. Segundo Regina, o telefonema foi "de agradecimento". Na
versão de ACM, "para tranquilizá-la,
pois ela estava muito nervosa".
No resto do tempo, a acareação girou em círculos em torno do início e
do fim da história que tanto complicam a situação de ACM. Regina cometeria o crime sem uma ordem poderosa? E por que ACM telefonaria
para ela imediatamente depois de receber a lista?
Essas duas perguntinhas que não
calam é que podem decidir a volta do
homem mais poderoso do Congresso
para a Bahia, onde ele ainda é rei. A
acareação só reforçou a hipótese da
renúncia. E a falta de "acordão".
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