São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2001 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A farsa da CPI da corrupção
ALOYSIO NUNES FERREIRA
Qual a conexão, por exemplo, entre o dossiê Caribe, os malfeitos da Sudam ou da Sudene, e a pasta cor-de-rosa? A conexão é ditada apenas e obviamente pelo oportunismo político, o que explica como se chegou ao número atual de assinaturas. O ponto de partida da lista de itens é o "denuncismo" eleitoreiro da oposição petista e seus satélites, trazendo em constrangido reboque os populares-socialistas. Procuram alvejar diretamente o governo, requentam infâmias como o tal dossiê e outras, de igual inconsistência. Depois, amigos do senador Jader Barbalho acrescentaram itens obrigatórios das campanhas contra o senador Antonio Carlos Magalhães. Em compensação, os carlistas carregam na munição habitual contra os dirigentes do PMDB. Algumas assinaturas são balas perdidas no combate entre peemedebistas pelo controle de diretórios estaduais, como os casos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Finalmente, vão chegando notórios fisiologistas frustados em seus apetites. Eis a base parlamentar da chamada CPI da corrupção, um conjunto desengonçado de interesses políticos parciais, tendo como pano de fundo as eleições de 2002 e que tenta se esconder atrás de objetivos moralizadores. Todos têm como alvo o governo: pretendem intimidá-lo, constranger o âmbito de seus movimentos, obscurecer seu trabalho administrativo, inibi-lo no trato da sucessão. Pretendem minar a autoridade de um governo que, por sua ação reformista, reduziu drasticamente os espaços do clientelismo e da apropriação privada do bem público, assim como, mediante sua ação eficaz e discreta, investiga, pune e corrige as mazelas que encontra. O governo não tem medo deles. Receia, isso sim, que tal CPI, uma vez instalada, comprometa a atividade essencial -e mais do que nunca necessária- do Congresso, que é legislar. Mais ainda: o governo não aceitará passivamente a lesão à ordem constitucional, representada por um mostrengo em tudo semelhante às malsinadas Comissões Gerais de Investigação do regime militar. Aloysio Nunes Ferreira Filho, 56, advogado, é ministro-chefe da Secretaria Geral da República e deputado federal licenciado pelo PSDB de São Paulo. Foi vice-governador do Estado de São Paulo (1991-94). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Ives Gandra da Silva Martins: Romênia, uma porta para o Brasil Índice |
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