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TENDÊNCIAS/DEBATES
Romênia, uma porta para o Brasil
IVES GANDRA DA SILVA MARTINS
A Primeira Missão Cultural Brasileira na Romênia, liderada pelo
eminente presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Mário
Velloso, e de iniciativa do incansável
embaixador brasileiro naquele país, Jerônimo Moscardo, superou todas as expectativas, pelas perspectivas abertas
para uma presença maior do Brasil no
Leste Europeu, a partir da Romênia.
Inicialmente idealizada para o cumprimento de alguns atos protocolares e
culturais -a saber: outorga da mais alta
consideração do governo romeno pelo
presidente da República ao ministro
Carlos Mário Velloso; doutoramento
honoris causa do presidente do Supremo Tribunal Federal, do reitor da Universidade Mackenzie, Cláudio Lembo,
do professor romeno-brasileiro George
Legmann e deste articulista; outorga do
título de professora laureada à coordenadora de Pós-Graduação da Universidade Mackenzie, Mônica Hermann; outorga do título de sócios honorários da
União de Juristas Romenos aos cinco
professores de direito acima nomeados;
lançamento, naquela entidade, de meu
livro "Uma visão do mundo contemporâneo", em romeno; coroamento das
atividades jurídico-culturais com três
concertos de música clássica brasileira e
de "Concerto para Mão Esquerda", de
Ravel, nas três principais cidades daquele país, pelos pianistas João Carlos
Martins e José Eduardo Martins (Bucareste, Cluj-Napoca e Craiova)-, ultrapassou, em muito, as dimensões culturais, para a abertura de enormes perspectivas no relacionamento entre os
dois países.
Todas as autoridades nacionais e locais, inclusive ministros de Estado, juízes da Corte Constitucional e do Supremo Tribunal, realçaram, de um lado, a
importância de um estreitamento de relações entre os dois países e, de outro, a
abertura dos mercados do Leste Europeu e do Próximo Oriente para o Brasil,
pois num círculo de mil quilômetros de
Bucareste vivem 200 milhões de pessoas, nada obstante a Romênia ter a população de apenas 22 milhões.
Talvez nenhum país -inclusive pelo
fato de estar na Romênia parte do Mar
Negro, última fronteira da latinidade-
possa, com tanta facilidade, abrir tais
mercados para o Brasil, sobre o relacionamento cultural, poder restar fortalecido, com sólidos laços a serem estabelecidos no campo universitário e artístico, visto que a cultura romena dos tempos do imperador Trajano, há quase
2000 anos, é ampla e reconhecida.
Talvez seja [a missão à Romênia" a grande oportunidade para se abrirem novas fronteiras e perspectivas
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Acontece que, de todos os países latinos, o que menor resistência pode oferecer a qualquer iniciativa, pela própria
inexistência de relações anteriores, é a
Romênia, tendo todas as autoridades,
sem exceção, demonstrado um indiscutível interesse no fortalecimento desses
laços de amizade, cultura e de relações
econômicas, com abertura do espaço
romeno e, por decorrência, do espaço
do Próximo Oriente, gerando um intercâmbio comercial mais estreito com o
Brasil.
Nesse sentido, o embaixador Jerônimo Moscardo já criou Centros de Estudos Brasil-Romênia, inclusive uma Biblioteca Brasileira, sustentada pela Prefeitura de Bucareste, como primeiros
passos para exame das convergências
possíveis entre as duas nações.
Quando recebemos, os quatro brasileiros, o doutoramento honoris causa,
em solenidade na Universidade Craiova, peculiar aos meios acadêmicos, foi
anunciada também a outorga futura da
mesma lauda ao professor, escritor e reconhecida autoridade em sociologia, o
presidente da República Fernando
Henrique Cardoso. Este, em telefonema
ao ministro Carlos Mário Velloso, comunicado ao reitor da universidade,
confirmou que, em próxima oportunidade lá estará para receber o título; possivelmente quando do lançamento, em
romeno, de seu último livro sobre as opções da democracia.
Talvez seja esta a grande oportunidade para se abrirem novas fronteiras e
perspectivas para o Brasil, no extremo
oriental da latinidade, e para o estreitamento de relações com um povo que,
nessa semana de intensas atividades
culturais, foi-me possível sentir estar
ávido de receber os brasileiros, por sentir-se muito próximo de nós, apesar da
enorme distância.
Que saibamos aproveitar as portas
abertas pela diplomacia brasileira, pelo
embaixador Jerônimo Moscardo, fortalecendo as relações culturais e desvendando novos horizontes para a economia nacional, tão necessitada de começar a gerar "superávits" em sua balança
comercial.
Ives Gandra da Silva Martins, 65, advogado
tributarista, é professor emérito das Universidades Mackenzie e Paulista e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, além de presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
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