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FERNANDO DE BARROS E SILVA
O Novo Estado de Lula
SÃO PAULO - Para um governo
que se empenha em misturar pão e
circo, as comemorações do 1º de
Maio cumpriram a sua parte: entre
shows e sorteios, sobraram palavras de elogio ao Estado nos eventos das centrais sindicais. Justo.
Em 2008, elas receberam só de
imposto sindical quase R$ 150 milhões livres de qualquer fiscalização
(10% do que foi descontado de forma compulsória do trabalhador)
-uma inovação do lulo-getulismo.
Foi-se o tempo em que a CUT brigava para libertar o sindicalismo da
tutela estatal e a Força pregava contra ideologização da pauta trabalhista pelo PT. Hoje estão unidas e
satisfeitas sob o mesmo guarda-chuva, usufruindo o peleguismo de
resultados. Reclamar do quê?
Quem aproveitou para reclamar
no 1º de Maio foi Lula, mas da "hipocrisia" dos que se levantam contra o descalabro do Legislativo. E
por que decidiu comprar essa briga,
desqualificando a justa indignação
do público? Defesa da democracia?
Antes fosse. Lula ouviu um apelo
dos amigos José Sarney e Michel
Temer, segundo quem a pressão
popular por compostura está deixando muita gente insatisfeita no
Congresso e isso cria riscos para o
Planalto. Afinal, quem quer uma
CPI da Petrobras, por exemplo?
Uma mão suja a outra, por assim
dizer. Os eventos do 1º de Maio nos
dão um retrato polaroid do lulismo.
Não se trata só de cooptação e aliciamento. Este é o governo do arrastão. De Sarney a Paulinho, do
Congresso aos sindicatos, dos usineiros ("heróis nacionais") ao MST,
dos banqueiros à massa miserável
do Bolsa Família, dos empreiteiros
(que ressuscitaram) às ONGs que
beliscam as bordas do Estado -todos parecem participar da nova comunhão nacional, uma espécie de
"CarnaLula" que prescinde de regras claras e tripudia da moral.
Pai dos pobres, mãe dos ricos. Só
por preguiça mental ou má-fé alguém ainda chama isso de esquerda. Reinvenção do patrimonialismo
com ganhos sociais, esse arremedo
do getulismo tem data de vencimento e alto custo institucional.
Quem é que vai pagar a conta?
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