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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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GARGALOS PARA CRESCER

Pesquisas da FGV e do Iedi, divulgadas por esta Folha, mostraram que alguns setores industriais trabalham no limite da capacidade produtiva das fábricas, apesar de a demanda interna estar desaquecida. As exportações cresceram mais de 25% nos primeiros quatro meses de 2003, impulsionando a produção em setores como papel e celulose, alumínio, siderúrgicos, produtos químicos, têxteis e calçados. Esses segmentos operam acima de 90% da capacidade. Para que pudessem aumentar sua produção, teriam de realizar novos investimentos. Já áreas dependentes das vendas no mercado doméstico, como a de eletroeletrônicos, mal conseguem produzir 65% do que poderiam.
A falta de capacidade instalada decorre da debilidade dos investimentos na ampliação das fábricas nos últimos anos. Não há sinais de reversão dessa tendência: no primeiro trimestre de 2003, os investimentos diminuíram 4,6% na comparação com o quarto trimestre de 2002.
Os gargalos na estrutura industrial somam-se aos da infra-estrutura (estradas, portos, energia elétrica). Se a economia voltar a crescer, as empresas poderão enfrentar dificuldades para atender à demanda interna e à externa. Essa situação poderia prejudicar o saldo comercial -gerando menos exportações e mais importações -e também a meta de inflação.
O quadro exige extrema atenção. Sem capitais para investir, não será possível retomar o crescimento sustentado da economia. Seria conveniente que as autoridades econômicas procurassem coordenar as estratégias de expansão das empresas privadas e estatais nos setores que operam no limite da capacidade instalada. Os investimentos exigidos nessas áreas são bastante volumosos e apresentam longos prazos de maturação. Caberia, portanto, às instituições financeiras públicas desempenhar um papel relevante no financiamento desse esforço.


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