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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Pense
e vote
NESTES TEMPOS de eleições,
o Brasil é pintado de rosa
pela situação e de preto pela
oposição. Isso é próprio de qualquer campanha eleitoral.
No meio do tiroteio, o povo fica
perdido, recebendo informações
manipuladas, todas aparentando
verdades. Nesse ambiente, há pouco espaço para análises objetivas.
Por isso, antes que comece o
massacre das mensagens no rádio e
na televisão, alinho alguns dados
objetivos que, no meu entender,
registram os principais problemas
do Brasil de hoje.
1 - No período de 1996 a 2005, a
economia mundial cresceu 3,8% ao
ano; o Brasil cresceu 2,2%.
2 - Nesse ritmo, o mundo dobrará a renda per capita em 30 anos; o
Brasil levará cem anos.
3 - Entre 1995 e 2004, os países
emergentes investiram cerca de
30% do PIB em atividades produtivas; o Brasil investiu 19%.
4 - O investimento público, que
estava em 4% do PIB em 1970, já irrisório!, caiu para 0,5% em 2005.
5 - Nesse período, a carga tributária quase dobrou, chegando perto de 40% do PIB.
6 - Para crescer 3,5% ao ano, os
investimentos em energia elétrica,
petróleo, gás, telecomunicações e
transporte teriam de ser de, no mínimo, US$ 27 bilhões por ano, enquanto, na realidade, não passam
de US$ 14 bilhões.
7 - Dentre os 127 países estudados pelo "Program for International Student Assessement" (Pisa), o
desempenho dos alunos brasileiros está em último lugar em matemática e penúltimo em ciências.
8 - Em pleno século 21, temos 16
milhões de analfabetos e, entre os
que sabem ler, mais de 50% não entendem o que lêem.
Vários desses dados fazem parte
de um artigo publicado na "Revista
Indústria Brasileira" em abril de
2006, cujo título já diz tudo: "Sem
crescer, não há saída".
O mínimo que se espera é que os
candidatos ataquem essas questões de frente, dizendo claramente
o que farão para inverter o quadro
atual. Isso faz parte da educação
dos cidadãos e da construção da democracia.
Há tempos, Roger Douglas, ex-ministro da Fazenda da Nova Zelândia, contou-me que, no seu país,
toda vez que um candidato diz na
televisão o que vai fazer sem dizer o
"como", o seu adversário, no dia seguinte, ocupa o seu espaço na mesma televisão, para desmascarar as
promessas vazias.
Desde que esse sistema foi implantado, narrou Douglas, a demagogia diminuiu bastante e o povo
votou mais consciente. Os problemas estão aí. Cabe aos candidatos
dizer "como" resolvê-los. Não seria
uma boa idéia para praticar no
Brasil?
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
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