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KENNETH MAXWELL
O público versus os sabichões
NA SEMANA passada, o príncipe e o presidente visitaram a cidade de Nova York.
O príncipe Harry, do Reino Unido, fez sua primeira visita oficial
aos EUA. Sua avó, a rainha Elizabeth 2ª, pagou a viagem, que ele fez
na classe executiva de um voo comercial. A agenda do príncipe estava repleta. Visitou o "ground zero",
o local do ataque do 11 de Setembro, onde depositou uma coroa em
honra dos cidadãos britânicos que
morreram como resultado da destruição do World Trade Center.
No
Harlem, conheceu crianças que
ainda se recordavam de uma visita
de sua mãe, a princesa Diana. Jogou polo na Governor's Island. Em
termos gerais, a visita foi um imenso sucesso e muito bem recebida. A
mídia local a tratou como uma história de "bad boy recuperado". O
príncipe encantou seus anfitriões.
Na noite de sábado, o presidente
Barack Obama e sua mulher Michelle visitaram a cidade, igualmente. O presidente havia prometido a Michelle uma noitada na cidade, depois da eleição. Primeiro
foram a Greenwich Village, para
um jantar no Blue Hill Restaurant,
perto de Washington Square Park.
De lá seguiram para o Belasco
Theater, na rua 44, onde assistiram
a "Joe Turner's Come and Gone",
uma peça de August Wilson que se
passa em uma pensão de Pittsburgh em 1911.
Os moradores negros da pensão relembram seus
tempos como meeiros no sul do
país e a migração para as cidades
industrializadas do norte. As multidões que viram os Obama pareciam satisfeitas em todos os lugares. A polícia de Nova York se espantou: não houve qualquer manifestação hostil.
As visitas do príncipe e do presidente a Nova York exemplificaram
a distância que existe entre as percepções do público e as dos sabichões profissionais. Quem assiste
aos canais de TV a cabo e à sua balbúrdia interminável sai com uma
impressão completamente diferente. Para eles, o país parece estar
em estado de crise permanente, e
os políticos supostamente se digladiam o tempo todo. A imprensa
britânica, da mesma forma, está
obcecada com as negociatas escusas no Parlamento. Não é que o público britânico ou de Nova York
não esteja preocupado com os
acontecimentos em Londres e
Washington, porque decerto está.
Mas o público gosta do príncipe
Harry, do presidente Obama e de
sua mulher, Michelle.
O Comitê Nacional do Partido
Republicano criticou o presidente
por sua noitada na cidade. Alegou
que ele deveria ter concentrado
suas atenções na concordata da
General Motors. Mas um dos atores do espetáculo no Belasco Theater capturou com mais precisão o
clima reinante: "Foi como na época
de Shakespeare", ele disse, "quando o rei ia ao teatro".
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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