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Suspense peruano
Quem quer que vença a eleição
em segundo turno de amanhã no
Peru, Keiko Fujimori ou Ollanta
Humala, o Brasil deve preparar-se
para um clima menos amistoso
nas relações com o vizinho.
A calmaria que reinou nos últimos anos, quando os investimentos internacionais multiplicaram-se na esteira do "milagre peruano", não deve durar muito. Tanto
Keiko, a candidata mais conservadora, quanto o populista Humala
tiveram como bandeiras de campanha a promessa de colocar limites à atuação de empresas brasileiras em seu país.
Estão em jogo investimentos estimados em até US$ 5 bilhões, com
possibilidade de tal valor ser triplicado nos próximos anos. Os
dois finalistas já prometeram rever licenças ambientais e demandar consultas às populações indígenas para levar adiante obras de
hidrelétricas na selva peruana.
Ao longo dos últimos meses,
Keiko e Humala esforçaram-se por
afastar a imagem de radicais. Ambos migraram para o centro do espectro político, ou assim tentaram
fazer parecer.
Eleita deputada em 2006, a filha de Alberto Fujimori usou quase todo o discurso da vitória para
agradecer ao "papi", como referiu-se carinhosamente ao ex-presidente, atualmente preso por corrupção. Agora, Keiko luta para livrar-se do estigma de mero fantoche do fujimorismo.
Humala, líder de uma rebelião
militar de 2000 e candidato com
apoio escancarado do venezuelano Hugo Chávez em 2006, quando
perdeu por pouco a disputa presidencial, busca apresentar-se como confiável. Sua "Carta ao Povo
Peruano", dirigida ao mercado financeiro e a investidores com promessas de respeito a contratos,
tem evidente inspiração lulista.
A diferença entre os oponentes
nas pesquisas de intenção de voto, ainda dentro das margens de
erro, além do ambiente polarizado
da reta final, dificultam prever
qual dos dois será eleito.
Não se pode excluir nem mesmo que as promessas de moderação venham a desvanecer depois
do resultado das urnas.
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