|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CHINA E EUA
Nos últimos meses, as relações entre China e EUA deterioraram-se
consideravelmente. A visita do presidente Bill Clinton a Pequim, há um
ano, foi o último gesto importante de
aproximação entre os dois países antes que voltassem a se acumular rusgas que, para alguns observadores,
poderiam até caracterizar o início de
algo como uma nova Guerra Fria.
Os esforços diplomáticos começaram a ruir quando, em dezembro último, o presidente Jiang Zemin descartou a democracia ocidental como
modelo e aumentou a repressão.
A suspeita de que espiões chineses
teriam roubado segredos nucleares
norte-americanos e a destruição da
embaixada da China em Belgrado
por mísseis da Otan acabaram por
agravar as relações bilaterais.
Para os chineses, está claro que o
ataque da aliança militar liderada pelos EUA foi proposital, até por ter sucedido a divulgação da denúncia de
espionagem chinesa.
Mas a China precisa dos EUA para
reverter a previsão de crescimento
menor, o suficiente para atenuar problemas em casa, e, ademais, tem no
seu principal antagonista um negociador da sua inclusão na Organização Mundial do Comércio.
As divergências, entretanto, ampliam-se em outros domínios. O
anúncio da venda de mísseis norte-americanos para Taiwan também enfureceu os chineses, que pediram, no
início da semana, o cancelamento da
operação. Esse não foi o primeiro
protesto de Pequim nesse sentido,
mas foi certamente o mais sério.
A China, por sua vez, também fez
um pouco usual comunicado de que
planeja testar um novo míssil.
Decerto não existem as condições
políticas e ideológicas para a recriação de um cenário como o caracterizado pela Guerra Fria. Mas o peso
geopolítico do país e a obstinada e
tradicional defesa chinesa de sua independência certamente devem solapar as previsões de que a nova ordem
internacional seria caracterizada pela unipolaridade, ou seja, pelo tranquilo domínio de uma potência.
Texto Anterior: Editorial: MAIS GERÊNCIA, MAIS SAÚDE Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Cadê o arco-íris? Índice
|