São Paulo, Sexta-feira, 04 de Junho de 1999
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CHINA E EUA

Nos últimos meses, as relações entre China e EUA deterioraram-se consideravelmente. A visita do presidente Bill Clinton a Pequim, há um ano, foi o último gesto importante de aproximação entre os dois países antes que voltassem a se acumular rusgas que, para alguns observadores, poderiam até caracterizar o início de algo como uma nova Guerra Fria.
Os esforços diplomáticos começaram a ruir quando, em dezembro último, o presidente Jiang Zemin descartou a democracia ocidental como modelo e aumentou a repressão.
A suspeita de que espiões chineses teriam roubado segredos nucleares norte-americanos e a destruição da embaixada da China em Belgrado por mísseis da Otan acabaram por agravar as relações bilaterais.
Para os chineses, está claro que o ataque da aliança militar liderada pelos EUA foi proposital, até por ter sucedido a divulgação da denúncia de espionagem chinesa.
Mas a China precisa dos EUA para reverter a previsão de crescimento menor, o suficiente para atenuar problemas em casa, e, ademais, tem no seu principal antagonista um negociador da sua inclusão na Organização Mundial do Comércio.
As divergências, entretanto, ampliam-se em outros domínios. O anúncio da venda de mísseis norte-americanos para Taiwan também enfureceu os chineses, que pediram, no início da semana, o cancelamento da operação. Esse não foi o primeiro protesto de Pequim nesse sentido, mas foi certamente o mais sério.
A China, por sua vez, também fez um pouco usual comunicado de que planeja testar um novo míssil.
Decerto não existem as condições políticas e ideológicas para a recriação de um cenário como o caracterizado pela Guerra Fria. Mas o peso geopolítico do país e a obstinada e tradicional defesa chinesa de sua independência certamente devem solapar as previsões de que a nova ordem internacional seria caracterizada pela unipolaridade, ou seja, pelo tranquilo domínio de uma potência.


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