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EUA sem embaixador
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Brasília - Faz um ano que os EUA
estão sem embaixador no Brasil, que
não é o único país em situação similar. A Argentina vai para dois anos
sem representante americano.
A anomalia revela o grau de fragilidade política a que chegou o governo
Clinton, incapaz de obter no Congresso aprovação para propostas corriqueiras da administração federal.
Também demonstra que o presidente dos EUA foi incapaz de superar
uma dificuldade que o acompanha
desde que chegou à Casa Branca, em
1993: escolher pessoas certas para cargos que dependem de aprovação do
Senado para serem preenchidos.
Brian Atwood, que Clinton tentava
mandar para Brasília, é caso emblemático dessa incapacidade, que se revelou em diversas nomeações, inclusive para funções de nível ministerial.
Diretor da Usaid, agência do governo dos EUA para ajuda externa (a
mesma do acordo MEC-Usaid, demonizado por muitos dos atuais habitantes da Esplanada dos Ministérios nos
anos 60), Atwood era uma boa indicação para a embaixada em Brasília.
Mas qualquer iniciante em política
norte-americana sabia que suas chances de aprovação no Senado eram nulas por causa dos atritos que tivera
com o poderoso presidente da sua Comissão de Relações Exteriores, o arquiconservador Jesse Helms.
No melhor estilo de cacique parlamentar, Helms engavetou a indicação
de Atwood até ele abrir mão dela.
Há quem acredite que o Brasil ficará
sem embaixador dos EUA até o fim do
mandato de Clinton (janeiro de 2001).
Mas o presidente norte-americano
pode, se quiser e for hábil, mostrar que
seu governo não vai alienar o mais
importante parceiro dos EUA no hemisfério por período tão longo.
Ele dispõe de nomes que nem Helms
ousaria barrar, não por serem inexpressivos (o que ofenderia o Brasil),
mas por terem grande densidade.
Um intelectual de peso (Albert Fishlow?), um cientista renomado (Thomas Lovejoy?), um político aposentado de renome poderiam resolver o impasse, com vantagens para todos.
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