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CESAR MAIA
América Latina 2009!
AGRUPEMOS os países da
América Latina por previsibilidade política e estabilidade institucional. Um primeiro
bloco de países, institucional e politicamente estáveis e previsíveis,
reúne Chile, Costa Rica, Uruguai e
República Dominicana.
Um segundo bloco de países institucionalmente estáveis e politicamente menos previsíveis é formado por Brasil, Panamá, El Salvador, Peru, Colômbia e México.
Peru responde às provocações de
Venezuela e Bolívia, suavizando os
atritos. México enfrenta os poderosos cartéis de drogas e é provável
que o PRI, que o governou por
décadas, se fortaleça nas eleições
regionais.
Colômbia aguarda o desfecho do
terceiro mandato de Uribe, que pela desmontagem das milícias e das
Farc, teria eleição garantida. Mas
seria outro perigoso precedente,
legitimador dos "golpes constitucionais" chavistas. Um terceiro
bloco é o dos países institucional e
politicamente instáveis: Honduras
e Guatemala (corredor de cocaína).
Honduras enfrenta um impasse.
Seu presidente eleito pela direita,
tempos depois, aderiu ao chavismo. Quis fazer na marra um plebiscito para sua reeleição. O Congresso não aprovou. "TSE" e "STF" declararam inconstitucional. Chávez
enviou urnas e cédulas por avião. O
Congresso o destituiu. Não seria o
primeiro caso de solução constitucional, como no Brasil, no Equador
e na Bolívia. Mas o Exército se precipitou e criou o pretexto golpista.
Finalmente um bloco homogêneo, populista-autoritário, institucionalmente instável e imprevisível : Venezuela, Nicarágua, Bolívia,
Equador e Paraguai. Cuba se agrupa a eles, mas sua instabilidade é
apenas uma previsão a longo prazo.
A Argentina seria incluída neste
bloco. No entanto, os desdobramentos pós-eleições parlamentares começam a sinalizar um retorno político ao Cone Sul.
Essa diversidade levou as relações dos EUA e da União Europeia
com a América Latina passarem a
ser bilaterais país a país, o que debilita o continente, econômica e
politicamente. A crise econômica e
os processos eleitorais, em 2009,
mexeram pouco com a arquitetura
latino-americana. Os populismos
plebiscitários foram afirmados.
El Salvador, com economia associada aos EUA, mudou politicamente de lado, mas a moderação
do novo presidente aponta para a
estabilidade. No Panamá, o novo
presidente ajustou-se à direita,
sem turbulências.
Na Argentina, a renúncia de
Kirchner à presidência do PJ e a fumaça branca emitida pela presidente desestressam seu quadro.
Afinal, um dos dois blocos de oposição é também peronista. Até o
final do ano virão eleições no Uruguai e no Chile. A proximidade das
eleições em Honduras em novembro, pode ajudar uma saída para o
impasse.
cesar.maia@uol.com.br
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
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