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A força do emprego
O aperto na política macroeconômica que vem sendo implementado desde fins de 2010, com
vistas a reduzir o ímpeto da inflação, busca, entre outras metas, induzir a um arrefecimento do mercado de trabalho.
Um dos objetivos é contribuir
para que haja uma moderação do
ritmo de crescimento do emprego
e dos salários, amortecendo as
pressões, sejam de custos ou de
demanda, sobre os preços.
Do final de 2010 até abril, as evidências eram de que esse intuito
de diminuir o dinamismo do mercado de trabalho vinha sendo
cumprido. Os dados de maio, no
entanto, evidenciaram uma interrupção nessa trajetória.
Embora informações de várias
fontes possam ser invocadas, bastam para ilustrar o ponto alguns
poucos números da pesquisa
mensal do IBGE sobre o mercado
de trabalho nas maiores regiões
metropolitanas do país.
Na comparação com igual mês
do ano anterior, o ritmo de alta do
rendimento médio dos trabalhadores, descontada a inflação, vinha diminuindo. Passou de 7,1%,
em outubro de 2010, para pouco
menos de 2% em abril. Em maio,
porém, esse ritmo subiu para 4%.
Em paralelo, o aumento do número de trabalhadores ocupados
também perdia vigor, recuando
de 3,9% em outubro para pouco
mais de 2% desde janeiro. Em
maio, o ritmo foi para 2,5%.
As razões do repique do emprego e, sobretudo, dos rendimentos
em maio não são claras, nem se
pode ter certeza de que é uma inflexão que terá continuidade.
O mercado de trabalho tradicionalmente reage com alguma lentidão às mudanças no ritmo da produção e das vendas. O movimento
geral da economia, puxado pelo
impulso cadente do crédito, tende
à desaceleração.
Ademais, conforme salientou o
Banco Central no mais recente
"Relatório de Inflação", as medidas que restringiram os recursos à
disposição dos bancos para empréstimos ainda não atingiram o
seu efeito máximo, enquanto fator
de inibição da concessão de crédito. As autoridades esperam que isso aconteça apenas a partir do terceiro trimestre.
Ainda assim, o repique do mercado de trabalho recomenda cautela, e é essa a atitude que transparece no documento do BC. Ele reconhece um cenário ainda desafiador para o controle da inflação
e dá ênfase às pressões salariais
como fator de risco a ameaçar a
meta de 4,5% em 2012.
O que reforça a possibilidade de
que o elenco de novas medidas
restritivas possa ir além do aumento da taxa de juros, esperado
para o dia 20 deste mês.
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