São Paulo, segunda-feira, 04 de julho de 2011

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Editoriais

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A força do emprego

O aperto na política macroeconômica que vem sendo implementado desde fins de 2010, com vistas a reduzir o ímpeto da inflação, busca, entre outras metas, induzir a um arrefecimento do mercado de trabalho.
Um dos objetivos é contribuir para que haja uma moderação do ritmo de crescimento do emprego e dos salários, amortecendo as pressões, sejam de custos ou de demanda, sobre os preços.
Do final de 2010 até abril, as evidências eram de que esse intuito de diminuir o dinamismo do mercado de trabalho vinha sendo cumprido. Os dados de maio, no entanto, evidenciaram uma interrupção nessa trajetória.
Embora informações de várias fontes possam ser invocadas, bastam para ilustrar o ponto alguns poucos números da pesquisa mensal do IBGE sobre o mercado de trabalho nas maiores regiões metropolitanas do país.
Na comparação com igual mês do ano anterior, o ritmo de alta do rendimento médio dos trabalhadores, descontada a inflação, vinha diminuindo. Passou de 7,1%, em outubro de 2010, para pouco menos de 2% em abril. Em maio, porém, esse ritmo subiu para 4%.
Em paralelo, o aumento do número de trabalhadores ocupados também perdia vigor, recuando de 3,9% em outubro para pouco mais de 2% desde janeiro. Em maio, o ritmo foi para 2,5%.
As razões do repique do emprego e, sobretudo, dos rendimentos em maio não são claras, nem se pode ter certeza de que é uma inflexão que terá continuidade.
O mercado de trabalho tradicionalmente reage com alguma lentidão às mudanças no ritmo da produção e das vendas. O movimento geral da economia, puxado pelo impulso cadente do crédito, tende à desaceleração.
Ademais, conforme salientou o Banco Central no mais recente "Relatório de Inflação", as medidas que restringiram os recursos à disposição dos bancos para empréstimos ainda não atingiram o seu efeito máximo, enquanto fator de inibição da concessão de crédito. As autoridades esperam que isso aconteça apenas a partir do terceiro trimestre.
Ainda assim, o repique do mercado de trabalho recomenda cautela, e é essa a atitude que transparece no documento do BC. Ele reconhece um cenário ainda desafiador para o controle da inflação e dá ênfase às pressões salariais como fator de risco a ameaçar a meta de 4,5% em 2012.
O que reforça a possibilidade de que o elenco de novas medidas restritivas possa ir além do aumento da taxa de juros, esperado para o dia 20 deste mês.


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