São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

Sem intermediários

BRASÍLIA - No debate de hoje à noite na TV Bandeirantes, o mais provável é que Garotinho bata em Serra, que baterá em Ciro, que baterá em Lula. Que vai tentar ser olímpico, assistindo a Serra e Ciro se matarem.
Garotinho precisa mostrar que sua candidatura é para valer. Serra, recuperar o eleitorado perdido e ir além, apesar do dólar. Ciro, segurar o que tem, mesmo com denúncias contra o coração de sua campanha. E Lula, deixar de ser o candidato marcado para morrer no segundo turno.
Nas duas pontas, Garotinho tem 9% a 10% fiéis, e Lula pode dizer a maior besteira, mas dificilmente sua base de votos cai abaixo da linha de segurança. O problema é Ciro subir. A emoção fica concentrada, portanto, no embate Serra versus Ciro.
Os dois se detestam. Ciro vem do PSDB e é o refúgio seguro de lideranças que preferem o diabo a Serra, como Tasso, ACM e Bornhausen, que, aos poucos, dominam a candidatura.
Ciro e Serra disputam sobretudo o voto do eleitor. Mas também o empresariado, a maioria do PFL, parcelas do PMDB e até simpatias no próprio PSDB. E também quem sabe mais, tem mais liderança, convence melhor. Briga das boas.
Não deixe de perceber a sombra atrás de cada candidato: Lula tem a crise do PT em Santo André; Ciro tem José Carlos Martinez (com o vice Paulinho na reserva); Serra, o misterioso Ricardo Sérgio; Garotinho, a história de fitas e prêmios fantasmas.
Espera-se que o debate não fique só nas sombras, mas elas estarão lá, como estão na campanha. Quem tiver boas respostas -de preferência rápidas e enxutas- tem mais chance. Quem não tiver, que as tivesse.
No mais, TV é forma, além ou até mais que conteúdo. Lula não pode tremer quando lhe perguntarem sobre estudo e experiência administrativa. Ciro deve não se irritar tanto como ultimamente. Serra precisa descer da cátedra e chegar ao palanque. Garotinho tem de deixar de ser ressentido e voltar a ser candidato.
Aproveite a chance de decidir ao vivo, em cores. E sem intermediários.



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