São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Estadista
"Parabenizo a Folha pelo editorial "À procura de um estadista" (Opinião, pág. A2, 1º/8). Com efeito, deve-se sempre esperar que candidatos à Presidência possuam essa qualidade, ainda mais em períodos turbulentos como o presente. No entanto é inexplicável que não se cobre essa característica do atual ocupante da cadeira de presidente. Como se não bastassem a boa vontade de toda a imprensa com a política econômica do governo durante o primeiro mandato -o que, segundo economistas dos mais diversos matizes, é a causa principal da excessiva vulnerabilidade externa do país- e a aceitação da atitude passiva e omissa do presidente neste fim de mandato é inaceitável. Queiramos ou não, é ele -e só ele- quem dispõe de meios para, fazendo política com "P" maiúsculo, e não se escudando no falso tecnicismo da equipe econômica, conclamar os partidos políticos, o Congresso, os "agentes econômicos" e a patuléia (leia-se, os "pacientes econômicos') para um acordo mínimo e uma atuação coordenada para salvar o país da derrocada completa. Isso exigiria, obviamente, um afastamento, ainda que relativo, da disputa por sua própria sucessão. Seria um gesto de grandeza, próprio de um estadista."
Carlos Magno de Abreu Neiva
(São Paulo, SP)

Profecias
"Parece ser prerrogativa de economistas errar nas profecias que fazem no campo que eles mais deveriam entender. Haja vista o sr. Aloizio Mercadante afirmar que o Brasil "não chega até a eleição", ou Delfim Netto prognosticar que o dólar não irá baixar. Razão tinha Mark Twain (1835-1910), que dizia: "A arte da profecia é muito difícil, especialmente em relação ao futuro"." Carlos Eduardo Pompeu (Limeira, SP)
São Caetano
"Já crucificam o técnico do Azulão. E o leitor Luiz Fernando Almeida, de Brasília, escreveu sexta-feira no "Painel do Leitor" que "o Azulão amarelou, decepcionou. Não teve disposição, raça e espírito de decisão. A seleção do Felipão deu lições de sobra ao mundo...". Interessante essa posição de muitos brasileiros, que só se contentam com o primeiro lugar e não têm a esportividade, por exemplo, dos alemães, que, vice-campeões na Copa, receberam seus atletas com festa como se tivessem sido campeões. Imaginemos o Felipão voltando com o segundo lugar. Na decisão da Copa anterior, perdemos para a França e encontramos um bode expiatório que "amarelou" e que, hoje, é herói nacional -o excelente Ronaldo. Vamos parar com isso! Vamos reconhecer que o Olimpia mereceu a vitória! Vamos aplaudir os atletas do São Caetano, que fizeram mais do que os times chamados "grandes" do Brasil -que nem chegaram à final."
Ewaldo José Romão da Cunha (Campinas, SP)

Mulher
"Em relação à reportagem "Brasil ainda discrimina mulher, diz relatório" (Cotidiano, 30/7), apresento duas observações. Cumprimento Mauro Albano, autor do texto, pelo interesse e pelo cuidado na elaboração da reportagem sobre o primeiro relatório brasileiro ao Comitê Cedaw, da ONU, que monitora a implementação da Convenção da Mulher, ratificada pelo Brasil em 1984. Quanto à coordenação do relatório -elaborado por um consórcio de pessoas de diferentes entidades-, esta não foi apenas realizada por mim, mas contou com a valiosa parceria da professora-doutora Flávia Piovesan, professora de direito constitucional e direitos humanos da Faculdade de Direito da PUC-SP e integrante do Cladem -Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher."
Silvia Pimentel, professora de introdução ao estudo do direito e filosofia do direito da Faculdade de Direito da PUC-SP e coordenadora nacional do Cladem (São Paulo, SP)

Não poderia acabar bem
"A Constituição de 1988 é escandalosamente clara ao fixar a atribuição legal da Polícia Militar, à qual se impõe o policiamento ostensivo ou fardado (prevenindo a ocorrência de crimes). Ao mesmo tempo, à Polícia Civil estadual ficou reservada a tarefa de polícia judiciária (investigando e buscando a identificação dos autores de crimes já ocorridos e as suas circunstâncias). Essa história de magistrados autorizarem policiais militares a realizar diligências típicas de polícia judiciária -como mandados de busca, escuta telefônica e diligências com presos à disposição da Justiça- não poderia acabar bem."
Cassio Luis Guimarães Nogueira (Santos, SP)

Oriente Médio
"O extremismo político no Oriente Médio, além do fator religioso, é largamente alimentado pela falta de perspectiva socioeconômica e profissional para os jovens muçulmanos, concentrados nas principais cidades da região. Se tivéssemos a reabertura das negociações políticas -com o avanço gradual de propostas institucionais e a possibilidade de construção de uma nação palestina próspera e moderna-, certamente diminuiria o número de jovens dispostos a sacrificar suas vidas em atos de terror. Quanto mais institucional e regular for o controle palestino sobre seu território, mais facilidade Arafat e a ANP possuirão para controlar os movimentos palestinos extremistas. A tendência é a da construção de organismos que transcendam os limites dos Estados nacionais, que, em certa medida, constituem conceitos de organização politica anacrônicos."
Everton Jobim (Rio de Janeiro, RJ)

Bandeira
"Acompanho há anos a batalha do professor Marcos Cintra pelo imposto único, e idéias como essa não podem ficar no ostracismo. Como a luta pela independência e a libertação dos escravos, o imposto único deve ser uma bandeira empunhada por todos os brasileiros. Esse projeto é um dos mais salutares para combater a corrupção e o narcotráfico. Bandido não guarda dinheiro em casa."
Hugo Duarte (São Paulo, SP)

Novela
"Temos assistido a mais uma novela, cujo provável final (triste para uns, feliz para outros) será a efetivação do acordo financeiro do Brasil com o FMI. Certamente o montante captado através do empréstimo não ultrapassará US$ 20 bilhões. Para isso, no entanto, várias exigências são estabelecidas, entre as quais está o assentimento dos presidenciáveis, o que contribui para tornar ainda mais conturbado o processo eleitoral brasileiro. Enquanto isso, leio que o Senado americano dá US$ 355 bi ao Pentágono. Essa é a lamentável maneira com que os EUA exercem o seu papel de maior potência do mundo globalizado." Luiz Ernesto Lisboa Guerra (Pouso Alegre, MG)



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