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REAÇÃO TUCANA
O clima de cordialidade que
vinha marcando as relações
dos governadores filiados ao PSDB
com o governo petista foi rompido
com a dura nota divulgada anteontem por sete líderes estaduais tucanos. O texto condena a concentração
de receitas na União e reivindica mudanças no pagamento das dívidas estaduais. O governador paulista, Geraldo Alckmin, repudiou o que chamou de "momento centralizador", e
seu colega de Minas, Aécio Neves,
acusou Brasília de promover "a mais
perversa concentração de renda na
União da história republicana".
Embora influenciada pela disputa
municipal, a nota foi mais do que
uma manifestação política insuflada
por interesses eleitorais. Ela expressou uma situação de dificuldades financeiras num quadro em que, a
despeito do aumento da arrecadação
e da carga tributária, Brasília retém
repasses e deixa de compartilhar receitas com Estados e municípios.
Os tucanos queixaram-se do atraso
"injustificável" das compensações
que os Estados devem receber em razão de isenções fiscais concedidas a
exportações e reivindicaram, entre
outras medidas, a liberação de recursos do Fundo de Universalização das
Telecomunicações (Fust) para informatização das escolas.
Em relação ao endividamento, os
governadores manifestaram apoio
ao projeto do senador Antero Paes de
Barros (PSDB-MT), segundo o qual
o dinheiro obrigatoriamente destinado à saúde e à educação não entraria no cálculo da receita na hora de
descontar a prestação da dívida.
O ato dos governadores foi um
alerta sobre as tendências centralizadoras do governo federal e chamou
mais uma vez a atenção para um problema crucial: o pagamento das dívidas dentro de parâmetros razoáveis,
que não sufoquem as finanças estaduais, impedindo a realização de investimentos. Nesse sentido, o projeto de lei apoiado pelos tucanos deveria merecer atenção das autoridades
federais, que, inevitavelmente, terão
de enfrentar essa questão.
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