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História sem fim
IMPRESSIONA o cipoal em que
se enreda o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), na tentativa de provar que pagou pensão a uma filha
com recursos próprios. O último
lastro em que se apóia para afastar suspeitas sobre a origem do
dinheiro, que foi entregue à mãe
da criança por um lobista de empreiteira, é o frigorífico Mafrial.
A casa de carnes, próxima a
Maceió, seria a responsável por
intermediar a compra de gado de
suas fazendas. Seria a culpada,
disse Renan Calheiros, pelo uso
de "laranjas" nas transações.
Faltava essa explicação para esclarecer por que os estabelecimentos indicados em recibos anteriores não existiam ou funcionavam em situação precária.
Mas o frigorífico, revelou a Folha, não tem autorização para
comprar e vender carne. Caso tenha participado da intermediação, o fez de forma ilegal. Para
completar o roteiro, digno de
Dias Gomes, o Mafrial foi assaltado na noite de quarta. Seis homens armados levaram documentos, R$ 17 mil em dinheiro,
R$ 200 mil em cheques e indagaram aos funcionários sobre "os
documentos do Renan".
Uma versão inteligível sobre
esse conjunto de versões e episódios deve vir da Polícia Federal,
que realiza perícia em documentos apresentados pelo senador.
Mas faltam papéis a enviar, e o
prazo de 20 dias para a divulgação do laudo, que expira dia 14 de
agosto, pode ser prorrogado.
É possível que a apuração esbarre ainda no princípio constitucional de que parlamentares
só podem ser investigados mediante autorização do Supremo
Tribunal Federal. Por isso, nem
todas as indagações do Conselho
de Ética do Senado devem ser
respondidas pela PF.
A ninguém deveria interessar
mais que ao próprio senador o
pronto esclarecimento do caso.
Cabe a ele impedir que uma simples prestação de contas pessoais
se torne uma comédia sem fim.
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