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TENSÃO PERSISTENTE
Em julho o mercado de ações
dos EUA chegou ao nível de
preços mais baixo desde 1997. Alguns sugeriram, então, que as ações
estavam baratas e uma recuperação
se avizinhava. Mas agosto foi mais
um mês de queda, o quinto seguido.
Ontem, primeiro dia de negócios em
setembro, as cotações tiveram nova
queda expressiva: o índice Dow Jones recuou 4,1%, e o índice Nasdaq,
3,9%. As bolsas da Europa e do Japão
também caíram significativamente.
A queda de ontem pareceu dever-se
sobretudo ao mal-estar provocado
pelos novos dados sobre a atividade
manufatureira nos EUA. O índice
ISM, calculado pelo Instituto de Gerenciamento de Fornecimento, ficou
em 50,5 pontos em agosto. Por superar 50 pontos, o índice indicou expansão da atividade da indústria,
mas o mercado esperava resultado
melhor (acima de 51,5 pontos). Além
disso, a pesquisa trouxe detalhes
preocupantes: as encomendas às indústrias caíram e apenas oito dos 20
setores industriais relataram crescimento, contra 15 em junho.
Em conjunto com as evidências de
que a confiança dos consumidores e
dos empresários fraqueja, o índice
ISM reforçou o receio de que a economia norte-americana entre novamente em recessão.
Diante disso, e também da possibilidade ainda bastante viva de que venha a ser deflagrado um conflito armado entre os EUA e o Iraque, a incerteza global segue elevada. Isso
tende a manter elevada também a
aversão ao risco, prejudicando a retomada do fluxo de capitais aos países
emergentes.
Para o Brasil, são tendências muito
incômodas. Nesse ambiente adverso, fica diluído o impacto positivo
-tanto sobre o resultados imediatos
das contas externas do país como sobre as expectativas a seu respeito-
que a recente aceleração do superávit
comercial brasileiro poderia ensejar.
Apesar da rápida reação da economia à grave escassez de dólares, parece improvável que o clima de tensão seja dissipado a curto prazo.
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