São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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TENSÃO PERSISTENTE

Em julho o mercado de ações dos EUA chegou ao nível de preços mais baixo desde 1997. Alguns sugeriram, então, que as ações estavam baratas e uma recuperação se avizinhava. Mas agosto foi mais um mês de queda, o quinto seguido. Ontem, primeiro dia de negócios em setembro, as cotações tiveram nova queda expressiva: o índice Dow Jones recuou 4,1%, e o índice Nasdaq, 3,9%. As bolsas da Europa e do Japão também caíram significativamente.
A queda de ontem pareceu dever-se sobretudo ao mal-estar provocado pelos novos dados sobre a atividade manufatureira nos EUA. O índice ISM, calculado pelo Instituto de Gerenciamento de Fornecimento, ficou em 50,5 pontos em agosto. Por superar 50 pontos, o índice indicou expansão da atividade da indústria, mas o mercado esperava resultado melhor (acima de 51,5 pontos). Além disso, a pesquisa trouxe detalhes preocupantes: as encomendas às indústrias caíram e apenas oito dos 20 setores industriais relataram crescimento, contra 15 em junho.
Em conjunto com as evidências de que a confiança dos consumidores e dos empresários fraqueja, o índice ISM reforçou o receio de que a economia norte-americana entre novamente em recessão.
Diante disso, e também da possibilidade ainda bastante viva de que venha a ser deflagrado um conflito armado entre os EUA e o Iraque, a incerteza global segue elevada. Isso tende a manter elevada também a aversão ao risco, prejudicando a retomada do fluxo de capitais aos países emergentes.
Para o Brasil, são tendências muito incômodas. Nesse ambiente adverso, fica diluído o impacto positivo -tanto sobre o resultados imediatos das contas externas do país como sobre as expectativas a seu respeito- que a recente aceleração do superávit comercial brasileiro poderia ensejar. Apesar da rápida reação da economia à grave escassez de dólares, parece improvável que o clima de tensão seja dissipado a curto prazo.



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