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CAMPANHA NEGATIVA
O debate entre presidenciáveis
promovido pela TV Record, na
noite de segunda-feira, marcou pelo
menos duas mudanças em relação
ao ocorrido em 4 de agosto na TV
Bandeirantes. A rivalidade entre José
Serra e Ciro Gomes tornou-se bem
mais acirrada, tendo adentrado o terreno dos insultos; e houve uma nítida convergência entre os três candidatos de oposição nas críticas ao governo e a José Serra. Trata-se, evidentemente, de uma decorrência bastante compreensível da alteração repentina no quadro sucessório.
Está generalizado entre as assessorias dos presidenciáveis o diagnóstico sobre o que levou José Serra a praticamente anular, em poucos dias de
campanha no rádio e na TV, toda a
desvantagem que, nas pesquisas de
intenção de voto, tinha em relação a
Ciro Gomes. Os marqueteiros entendem que a exposição insistente de
ataques à imagem do ex-governador
do Ceará foi a responsável maior pela
reviravolta. Daí parecem ter concluído que vale a pena utilizar a mesma
estratégia de campanha negativa.
O interessante é notar que a aposta
no conflito se desdobra diferentemente em cada candidatura, o que ficou patente no debate da Record.
Luiz Inácio Lula da Silva e Anthony
Garotinho como que estimularam a
troca de farpas entre Ciro e Serra,
confiando numa "destruição mútua"
que estimularia o desalento de eleitores tanto com o pepessista como
com o tucano. Serra, que empatou
com Ciro mas não o ultrapassou,
manteve a linha de tentar mostrar as
"contradições" de seu oponente direto. Ciro Gomes, por seu turno,
adotou de vez a tática de contragolpear Serra na mesma moeda.
Contingencialmente, o candidato
do governo foi o alvo de várias linhas
de tiro. Na lógica "negativa", quem
ascende rapidamente, como ocorreu
com Serra, se torna o alvo preferencial dos bombardeios. Resta saber
até que ponto os eleitores vão responder favoravelmente à troca de
ataques. A paciência do telespectador costuma colocar limites a esse tipo de estratégia. A campanha que
primeiro perceber que essa fronteira
foi ultrapassada tenderá, na reta final, a levar vantagem.
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