São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Várias forças
"Em relação ao artigo "Quem mente" ("Tendências/Debates", pág. A3, 2/9), do sr. Denis Lerrer Rosenfield, acho que o seu conhecimento de filosofia e de democracia está atrasado. O autor poderia verificar que o Orçamento Participativo é uma das formas mais democráticas de a população saber o que está sendo feito com o dinheiro público. No Rio Grande do Sul, a sociedade aprova essa forma democrática de participar do governo. O governo do Uruguai informou-se sobre a idéia para implantá-la em seu país. Em relação a um futuro governo Lula, o presidente irá precisar de várias forças e de todos os partidos. Todos deverão estar comprometidos com a sociedade. E o PT não irá tentar governar sozinho, pois todos sabem que o partido não tem um pensamento único."
Sebastião Neto Rodrigues (São Paulo, SP)

"Não devemos ignorar as informações que o professor Denis L. Rosenfield nos tem passado por meio de seus artigos. Ele, que convive com um governo do PT no Rio Grande do Sul, sente de perto os cerceamentos a que esse partido tem submetido a imprensa local com o seu jeito "revolucionário" nada "light" de governar. Escutemos, pois, a voz da experiência e fiquemos atentos aos dois discursos do PT: um feito para os banqueiros e para as chamadas elites; outro, para os seus devotos seguidores."
Leila E. Leitão (São Paulo, SP)

JK e FHC
"A propósito do artigo de Carlos Heitor Cony publicado em 1º/9 (Opinião, pág. A2), sobre JK e FHC, cabe uma pequena história da grandeza de JK, que neste ano faria cem anos de idade. Em 1959, alguns áulicos foram a JK sugerir uma emenda que permitisse a reeleição. A resposta de JK foi: "No meu governo, ela fica virgem". Referia-se JK à virgindade da Constituição brasileira."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Prefeitura
"Na edição de 31/8, a seção "Painel" (Brasil, pág. A4) mais uma vez desinformou os seus leitores sobre as atividades da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, na nota "Virou rotina". Na sexta-feira, dia 30, a prefeita despachou normalmente em seu gabinete pela manhã e, à tarde e à noite, participou da programação de campanha dos candidatos do PT Lula, Genoino e Mercadante em Ribeirão Preto (SP). No sábado, dia 31, participou do encerramento da 1ª Conferência Municipal das Mulheres, no Anhembi, conforme programado e divulgado em agenda. Logo depois, proferiu a aula inaugural de um curso de formação de auxiliares em desenvolvimento infantil (ADIs), no Teatro Cultura Artística. Portanto, diferentemente do que sugeriu o "Painel", a prefeita não faltou à Conferência das Mulheres e, como tem sido sua prática, realizou atividades inerentes ao seu cargo no final de semana. Por que o "Painel" novamente insiste no erro de omitir informações aos seus leitores sobre o trabalho da prefeita? Aproveitamos a oportunidade para lembrar que essa coluna da Folha continua ignorando que o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, não só tem feito campanha durante o horário de expediente como confunde suas atividades de governador com ações de caráter eleitoral."
José Américo Dias, secretário municipal de Comunicação e Informação Social (São Paulo, SP)

Plebiscito
"Senti-me agredido pelo texto "Os plebiscitos (Brasil, pág. A7, 1º/9), de Elio Gaspari. Lamento que o jornalista não tenha percebido que o plebiscito é um instrumento eficaz de conscientização política e nobre exercício de fé solidária. Seu objetivo é que milhões de brasileiros tenham a oportunidade de poder entender e dizer o que é a Alca e quais serão as suas consequências para o nosso país. Nossa paróquia do Carmo já promoveu palestras e publicou artigos sobre o assunto. E não somos a única comunidade que busca despertar a capacidade crítica e a real participação dos cidadãos. A CNBB, graças ao plebiscito, pretende obter uma representação significativa da opinião pública brasileira, que, depois do plebiscito, saberá mais sobre a Alca. É realmente lamentável que um jornalista de renome use o seu espaço no jornal para defender a alienação cívica."
João Luís Leite Praça, advogado do Conselho Comunitário da Igreja do Carmo (Belo Horizonte, MG)

Pesquisa
"Os leitores da Folha só teriam a ganhar caso Mônica Bergamo deixasse de produzir ataques gratuitos aos profissionais que fazem a revista "Época". Há duas semanas, ela criticou "Época", em tom de acusação, por divulgar uma pesquisa do Ibope que apontava para uma queda de Ciro Gomes e para uma subida de José Serra. Hoje, todos os institutos -inclusive o Datafolha- confirmam a tendência expressa pela revista com antecedência. A maioria já fala em empate técnico entre os dois candidatos. "Época" não adivinha notícias nem pesquisas. Só aplica as regras do bom jornalismo para oferecer informações confiáveis. Mônica Bergamo teria evitado um vexame profissional se seguisse a norma básica de ouvir várias fontes antes de escrever uma reportagem. Num comportamento que trai a falta de isenção, ela limitou-se a colher declarações oficiais do presidente do Ibope, que, até por motivos legais -poderia ser processado por divulgar pesquisas não registradas-, jamais iria confirmar em público o que havia ocorrido em privado. Publicando uma informação falsa com surpreendente facilidade para um veículo com a expressão da Folha, Mônica foi capaz de escrever que a pesquisa divulgada por "Época" "simplesmente não existe". Chegou a referir-se ao levantamento como uma "suposta" pesquisa. Usando palavras alheias para tentar ferir minha honra, foi capaz de publicar uma declaração entre aspas em que o presidente do Ibope dizia que eu mentia ao apontar o instituto como fonte de nossas informações -para depois publicar, sem contestação, uma carta em que ele sustenta jamais ter empregado a palavra mentira durante a entrevista. A colunista também inventou desvios metodológicos só para acentuar possíveis distorções graves na amostra do Ibope -como ouvir menores de 16 anos, caso em que a Folha foi obrigada a admitir o erro. A colunista se teria saído melhor se tivesse ouvido outras fontes antes de publicar conclusões apressadas e erradas. Poderia ter ouvido dirigentes do PT e do PSDB a quem o próprio Ibope admitiu ter transmitido informações. Também poderia ter consultado duas colunistas que noticiaram a tendência antes de "Época". Ela ainda poderia ter procurado diretamente os repórteres de "Época" que fizeram a reportagem. Também poderia ter ouvido fontes qualificadas da própria assessoria de Ciro Gomes que confirmam que o candidato ouviu de "umas 70 pessoas" o relato de que o Ibope andava divulgando uma pesquisa com números apontando para a sua queda. Essa falta de cuidado prejudicou os milhões de leitores/eleitores da Folha, que têm o direito de saber o que se passa na campanha presidencial."
Paulo Moreira Leite, diretor de redação da revista "Época" (São Paulo, SP)

Resposta da colunista Mônica Bergamo - De acordo com o Ibope, a pesquisa publicada pela revista "Época" era, na verdade, um trabalho interno do instituto sem validade para aferir intenções de voto, razão pela qual não havia sido registrada no TSE. Levantamentos registrados divulgados posteriormente, naquela semana, do Datafolha e do próprio Ibope, desmentiram os números publicados pela "Época". Em carta enviada à Folha e publicada nesta seção, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, admite que usou o termo "mentira" para se referir a afirmações de Paulo Moreira Leite.



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