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TENDÊNCIAS/DEBATES
Fazer a roda girar
MARTA SUPLICY
O potencial turístico do Brasil é imenso, mas subaproveitado, por falta
de políticas permanentes de estímulo à atividade
A FRANÇA e a Espanha recebem
milhões de turistas estrangeiros todos os anos. Isso é muito
bom para a economia desses países.
Mas não é isso que assegura a eles a
condição de potências turísticas. O
que garante esse status é a estratégia
de investir no turismo interno, mantendo o mercado aquecido, preservando os empregos e a musculatura
da atividade. E isso é feito por meio de
vigorosos investimentos em programas de turismo social, dirigidos a
aposentados, trabalhadores e jovens,
nos períodos de baixa ocupação.
O "Cheque Vacance", carro-chefe
da política social de turismo na França, assegurou, em 2005, um movimento financeiro de aproximadamente 1 bilhão de euros. O "Cheque
Vacance" é distribuído para 2,5 milhões de pessoas e beneficia 7 milhões
de turistas.
A Espanha investe a cada ano 75
milhões de euros para garantir programas de turismo a mais de um milhão de idosos. Para cada euro investido, retornam aos cofres públicos 1,7
euros por meio de impostos arrecadados. Esse investimento assegura a
criação de 10 mil novos empregos nos
períodos de baixa ocupação.
Há sete anos, o vizinho Chile lançou o programa Vacaciones Tercera
Edad. Pesquisas do Serviço Nacional
de Turismo do Chile mostram que a
saúde dos idosos melhorou, o grau de
satisfação é de 98,66%, houve incremento do turismo na baixa ocupação,
aumentou o número de empregos e
melhorou a infra-estrutura turística.
Foi baseado em exemplos assim
que o Ministério do Turismo decidiu
criar o programa Viaja Mais - Melhor
Idade. Não se trata de inventar a roda,
mas de fazer a roda girar.
O potencial turístico do Brasil é
imenso, mas subaproveitado, por falta de políticas permanentes de estímulo à atividade. Os países em que a
atividade turística é forte e consolidada possuem estratégias para os períodos de baixa ocupação. E é isso que
pretendemos estimular com o programa Viaja Mais, que começa agora
com a versão Melhor Idade, mas que
será ampliado com pacotes para trabalhadores, estudantes e outros segmentos da sociedade.
O Brasil possui aproximadamente
17 milhões de habitantes com mais de
60 anos de idade. Desses 17 milhões,
cerca de 4 milhões vivem no Estado
de São Paulo, maior mercado emissor
de viagens para o mercado interno.
Segundo estudo realizado pelo Ministério do Turismo em parceria com a
Fipe, desses 4 milhões, 1,6 milhão viajam regularmente. Dos 2,4 milhões
que não têm o hábito de viajar, 800
mil não o fazem por falta de estímulo
e condições de financiamento.
Portanto, somente no Estado de
São Paulo, somando aqueles que já
viajam com os que podem vir a fazê-lo
com estímulo e crédito, o público potencial do Viaja Mais - Melhor Idade é
de 2,4 milhões de turistas.
Mas o sucesso de um programa assim depende de um trabalho continuado, permanente e bem estruturado para implantar uma mudança na
cultura de consumo do brasileiro.
Não se trata de competir com o celular ou com o eletrodoméstico. Mas,
sim, de agregar na cesta de consumo,
a preços bem acessíveis, um produto
tido como nobre.
Os pacotes do Viaja Mais - Melhor
Idade variam de três a oito dias, a preços promocionais e contam com a facilidade do crédito consignado para
aposentados e pensionistas do INSS,
com juros abaixo de 1% ao mês.
Isso foi possível porque conseguimos recursos do FAT para financiar
os pacotes. Não há nada mais justo
que o Fundo de Amparo ao Trabalhador financiar viagens para quem trabalhou a vida inteira e nunca teve a
oportunidade de conhecer o Brasil.
Além de financiar viagens, os recursos do FAT vão ajudar a gerar emprego e renda nos destinos que receberão
os turistas da Melhor Idade.
O programa Viaja Mais - Melhor
Idade veio para ficar. Será progressivamente implantado em todo o país.
Neste ano, os mercados emissores
serão o Estado de São Paulo e o Distrito Federal. São Paulo, por ser responsável por 35,4% das passagens emitidas no Brasil. Brasília, por sua centralidade, facilitando roteiros para o
Centro-Oeste, o Norte e o Nordeste.
A partir do ano que vem, novos
mercados emissores serão agregados.
Porém, todas as regiões do país já estão sendo beneficiadas nessa primeira fase como destino das viagens. Em
todo o país, o Viaja Mais vai gerar empregos e oportunidades.
Os hotéis de todo o Brasil estão de
portas abertas e preparados para receber os turistas da Melhor Idade.
Pouco a pouco, tenho certeza, vamos
conseguir mostrar ao consumidor
que gastar com viagens é tão ou mais
importante que trocar o eletrodoméstico ou o celular.
O Ministério do Turismo garante:
viajar faz bem à saúde, faz bem à alma,
faz bem à economia e faz bem à geração de empregos.
MARTA SUPLICY, 62, é ministra do Turismo. Foi prefeita
da cidade de São Paulo pelo PT (2001-2004).
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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