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PLÍNIO FRAGA
Além do pré-sal, o Brasil profundo
RIO DE JANEIRO - Às vésperas
do Sete de Setembro, o velho mito
do Brasil Grande e a praga do verde-amarelismo estão pelos jornais,
dialogando com as acusações de vivermos sob um Estado totalitário,
que espiona e tolhe adversários.
Essas forças se reencontram agora na superfície, mas sempre estiveram fossilizadas juntas, abaixo da
camada do pré-sal da formação política, onde mora a tradição autoritária brasileira, da qual o triunfalismo e a visão de predestinação ao sucesso são só sintomas.
Nesta semana, o presidente Lula
e o ministro Mangabeira Unger deram uma amostra da pequena vocação democrática da elite dirigente.
Mangabeira afirmou no Rio que o
país tem necessidade de uma "frota
naval imponente para dissuadir
eventuais ameaças às riquezas petrolíferas no mar brasileiro". "Se o
Brasil quiser desbravar caminho de
singularidade no mundo, precisa
poder dizer "não" quando tiver de
dizer "não'", justifica. Será que falta
uma guerra para reforçar a vocação
do Brasil Grande?
Já Lula, o prestidigitador predestinado, saiu-se com esta: "Eu tenho
tanta sorte que acho que Deus passou por aqui e resolveu ficar. Porque a sorte aumenta a cada dia", comentou na marqueteira operação
de início da retirada de petróleo
abaixo da camada de pré-sal.
Sem querer ficar do lado de quem
não quer navegar, como diz Paulinho da Viola, talvez valha recorrer a
escritos de uma aliada do governo
para entender o autoritarismo que
se espraia por aqui.
O Brasil é autoritário porque os
governantes e parlamentares mantêm com os cidadãos relações de favor, clientela e tutela, porque impõem o consenso, porque o fascínio
pelos signos de prestígio e poder supera o da realização de um projeto
de desenvolvimento. Se Lula tiver
dúvidas, basta ligar para a Marilena
Chaui. A ele ela atende.
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