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ELIANE CANTANHÊDE
A faca, o queijo e muito mais
BRASÍLIA - Ano eleitoral e fim de
crise econômica são uma combinação perfeita para fazer jorrar dinheiro em projetos mui populares.
Dinheiro não só do Tesouro mas de
toda e qualquer fonte que venha a
somar -sobretudo, votos.
Além dos R$ 100 bi para capitalizar a Petrobras e para explorar o
pré-sal e o nacionalismo, principais
bandeiras governistas, há muitos
outros cifrões programados para
2010. Ninguém segura este país.
Nem as contas.
Para a massa do eleitorado, e excluindo o já bem conhecido Bolsa
Família, há os R$ 7,3 bi do Orçamento para o Minha Casa, Minha
Vida e o pacote de R$ 14,5 bilhões
do Banco do Brasil para micro e pequenas empresas. Ou seja, para o sr.
João da padaria, ou para a d. Maria
da loja de doces, com todos os seus
funcionários e clientes.
Isso tudo sem falar em mais um
aumento real tanto do salário mínimo como das aposentadorias. Uma
bolada estimada em R$ 8 bi a mais
para um e em R$ 3 bi a mais para os
outros em 2010.
Quem pode ser contra? Qual candidato de oposição pode condenar
verbas para o pré-sal, para o Bolsa
Família, para as micro e pequenas
empresas, para a casa própria, para
o mínimo, para os aposentados?
A concorrência é desleal e ameaça a alternância de poder. Se a economia mundial cresce e o governo
aproveita bem e gasta muito, quem
está sentado no cargo faz regras a
seu favor e inevitavelmente vai se
re-reelegendo. Daí a onda populista-continuísta da América do Sul.
Chávez, Evo Morales e Rafael
Correa já mudaram as leis para o
terceiro (ou quarto, quinto...) mandato. À direita, digamos assim, agora é a vez de Alvaro Uribe. Como
presidentes, eles têm a faca, o queijo e os bilhões da máquina a favor
de seus projetos eternizantes.
Ainda bem que, por aqui, e por
enquanto, os governantes não podem jogar tudo isso nos seus próprios palanques. No máximo, nos
dos seus candidatos. Ou candidatas.
elianec@uol.com.br
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