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FERNANDO GABEIRA
Você diz alô, eu digo adeus
RIO DE JANEIRO - No momento
em que o governo faz uma grande
festa pelo pré-sal, a revista "Foreign
Policy" publica um número sobre o
longo adeus do petróleo.
É tão grande o impacto festivo
que um prefeito de Pernambuco
perguntou: já posso contar este mês
com o dinheiro do pré-sal?
Ao governo interessa desinformar -para isso tem um grande aparato. Mas é fundamental nesse confronto fortalecer algumas teses. A
primeira delas é de que o recurso do
óleo deveria ser usado para nos libertarmos dele.
Parece simples. No entanto, pesquisas indicam que um terço dos
royalties são gastos por algumas cidades para aumentar a máquina administrativa. Isso quer dizer dar
mais empregos e aumentar o poder
dos grupos políticos locais.
Fala-se em usar a Noruega como
modelo econômico de exploração.
Mas nada se fala no modelo de proteção ecológica de lá.
O interessante é que o Estado não
combinou com os russos, e o modelo talvez não seja atrativo para empresas. A Petrobras cuida de quase
tudo, drenando imensos recursos
que poderiam se voltar para a energia renovável.
O importante é que houve uma
grande festa. Alguns, como Sarney,
saíram de sua pirâmide para celebrar; outros, como Dilma, de resguardo contra perguntas delicadas,
reapareceram protegidos. Já havia
legislação e toda uma história do
petróleo no país. Mas a pressa em
festejar parece maior que a de pesquisar e contabilizar os recursos para saber o que fazer com eles.
A diferença entre Obama e Lula
em energia está no ministro que escolheram. Lá é um Prêmio Nobel de
Física; aqui é o Lobão, que prepara
uma nova estatal, para a alegria de
netos, filhos e amantes.
Fazer um fogo e distribuir espelhinhos foi tática do poder desde a
chegada dos portugueses.
Caramuru.
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