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VINICIUS TORRES FREIRE
PT, PSDB e satélites
SÃO PAULO - Numa eleição de fraco sentido político, se comparada à eleição da "onda rosa" de 2000, e muito
renhida, a julgar pela quantidade de
disputas importantes que se encaminhavam para o segundo turno no começo da noite de ontem, qual seria o
balanço provisório a reter?
Será muito difícil alguém cantar vitória com base apenas nos números
saídos das urnas. A decisão da eleição em São Paulo, terra de petistas e
tucanos, ora os partidos mais fortes
do país, e sede das principais lideranças nacionais, por enquanto, pode ter
sentido simbólico. Mas o resultado
da votação reflete, até agora, mais as
disputas locais. É mais fragmentado
do que poderiam imaginar até os
mais céticos em relação à tese da federalização da disputa.
O PT parece ter desempenho melhor do que o esperado. O PSDB confirma sua recuperação depois das duras derrotas de 2000 e 2004. No restante do sistema partidário, o mais
notável é a desagregação do PFL, que
vence no Rio, mas com o sempre
trânsfuga partidário Cesar Maia, do
partido dele mesmo. Pode ganhar
com Amazonino Mendes em Manaus, outro migrante político, e com
Moroni Torgan, em Fortaleza, que
enfrentará segundo turno duríssimo.
César Borges, pefelê de ACM em Salvador, já sai muito chamuscado da
disputa e deve perder no segundo turno. O PFL, que sofre de síndrome de
abstinência aguda do poder, mais e
mais torna-se partido dos grotões.
Nos demais partidos, o que se assiste tanto no Congresso como no resultado das urnas é a criação de uma rede de partidos-satélites em volta dos
partidos mais fortes nacionalmente,
PT e PSDB. Tais partidos menores
tornam-se prestadores de serviços políticos para as grandes legendas e organizadores do clientelismo nas regiões que governam. Já foi esse o destino de PTB e PL, satélites hoje do PT.
O PMDB já funciona assim por meio
de suas filiais sempre em conflito. Parece ser esse o destino de PFL, PDT,
PSB e PPS, que tenderão a prestar
serviços tanto para o poder atual ou
para o próximo vencedor federal.
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