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CARLOS HEITOR CONY
A turma dos exóticos
RIO DE JANEIRO - Causou perplexidade, sobretudo na mídia, a
eleição de alguns candidatos que foram genericamente considerados
"exóticos". Uma lista complexa,
mais ou menos aleatória, que inclui
desde a eleição de Fernando Collor
para senador por Alagoas até o estilista Clodovil, que ameaça ser um
deputado chique.
Tudo bem. Presume-se que um
deputado chique não participe de
mensalões nem da vampiragem dos
sanguessugas. Quanto a Collor, nada de exótico encontro em sua eleição. Ele sofreu o impeachment porque violou diversas regras do jogo
político-administrativo. Foi punido, cumpriu a pena e, agora (acredita-se), pode ser absorvido pela sociedade no fundo. Esta é a finalidade básica das punições a qualquer
crime: a integração na sociedade.
É evidente que em alguns casos
houve o voto de protesto, que em
eleições passadas ameaçaram eleger um Cacareco e o Macaco Tião.
Neste particular, melhoramos muito. Outra perplexidade que a mídia
vem destacando é a eleição de Paulo
Maluf. A se dar crédito à mídia, Maluf é o morto político mais vivo e
notório da nossa vida pública.
Há seguramente 20 anos, de tempos em tempos, decreta-se a sua
morte política, no entanto, sempre
que há eleição, ele ressuscita com
boa margem de votos. Não dá para
se eleger governador ou prefeito.
Mas, para obter um lugar no Congresso, tem um capital próprio de
votos que não emigram para outros
candidatos.
E há o caso de Enéas, que foi considerado exótico na eleição passada, raspou a barba e agora se enquadra na normalidade parlamentar.
Por falar em barba, o próprio Lula, quando começou sua vida pública, era considerado exótico. Nem
precisou raspar a barba. Até certo
ponto pode ser considerado um político chique, apesar de suas gafes,
embromações e mentiras.
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