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FERNANDO RODRIGUES
Lula e a onda
BRASÍLIA - Integrantes da cúpula
petista admitem em privado a formação de uma onda anti-Lula pelo
país. Acreditam que o "dossiegate"
tenha colado no presidente-candidato.
Se o segundo turno fosse em janeiro, funcionaria a tática de negar
envolvimento e esperar a tempestade passar. Quase nunca se perde
dinheiro ou eleição apostando na
memória curta do brasileiro. Mas a
eleição está logo aí.
A campanha neste segundo turno
é previsível. Geraldo Alckmin apontará o dedo diariamente para o baixo padrão ético de parte dos petistas nesta reta final.
Para debelar a crise, Lula parece
disposto apenas a repetir a ladainha
do "não sabia". O tempo exíguo corre contra o petista.
O maior ponto de interrogação
até agora sobre o "dossiegate" é a
origem do dinheiro. Está em cartaz
um espetáculo surrealista. "A PF
está investigando", dizem os petistas. Ocorre que todos os manipuladores das cédulas de real e de dólar
eram e são do PT. Por que Lula, Ricardo Berzoini (presidente do PT) e
Aloizio Mercadante não determinam aos envolvidos que contem a
história completa?
Há duas respostas possíveis para
essa pergunta. Primeiro, Lula, Berzoini e Mercadante não têm comando do partido, vivem no mundo
da Lua e são absolutamente incapazes de executar tarefas executivas.
A outra hipótese é a verdade sobre o
dinheiro não poder vir a público,
porque enterraria de uma vez o sonho reeleitoral do PT -e alguns
acabariam na cadeia.
Sem esclarecer de onde surgiu o
R$ 1,7 milhão do "dossiegate", só
resta a Lula contar com uma eventual rápida perda de memória dos
eleitores.
A onda "dossiegate" passaria, como passou a do mensalão. Seria
uma tarefa talvez exeqüível em alguns meses, mas dificílima em menos de quatro semanas.
frodriguesbsb@uol.com.br
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