São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Mea culpa da FAB

BRASÍLIA - A juíza Zilah Petersen não acatou a denúncia do Ministério Público Militar contra cinco controladores de vôo do caso Gol 1907, alegando falhas formais, técnicas, mas não entrou no mérito. Ou seja: não analisou as acusações nem absolveu os controladores. Só questionou a forma. A procuradora Ione de Souza Cruz vai recorrer.
A iniciativa contra os controladores partiu da Aeronáutica, que instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) paralelo às investigações do Cenipa, que investiga acidentes aeronáuticos. A diferença é que o inquérito visa punir responsáveis. A investigação tem o objetivo de levantar falhas (humanas, materiais e operacionais) que levaram ao acidente para poder prevenir novos. Não tem caráter punitivo.
O IPM foi a base para a procuradora Ione, que denunciou um dos controladores por homicídio culposo e os demais por inobservância de lei, regulamento ou instrução. Mas, independentemente de evoluir ou não na Justiça Militar, ele já é muito importante. Ao indiciar os controladores (um suboficial e quatro sargentos) no IPM, a FAB reconheceu que o controle aéreo brasileiro é falho, operado por alguns profissionais despreparados para uma tarefa de tal responsabilidade, que pode definir a vida ou a morte. No Boeing, morreram 154.
Ele revela, também, que o rádio do Legacy, pilotado por dois americanos, estava na freqüência errada para a área entre Brasília e Manaus e simplesmente não funcionou. Por que estava errada? No documento confidencial, a FAB diz que o controlador de Brasília não determinou a atualização.
Aliás, isso foi fundamental: os controladores não se comunicaram entre si em Brasília, nem com a torre de São José (SP), nem com o Cindacta-4, de Manaus. Acredita-se que falem bem o português. Imagine como falaram em inglês com o Legacy?! Quem não se comunica trumbica os outros.

elianec@uol.com.br


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