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Energia cara
NÃO HÁ dúvida de que é correta e desejável a eliminação dos mecanismos de
indexação ainda existentes na
economia brasileira. Lamentavelmente, porém, a retirada da
reposição automática da inflação
dos contratos de geração de
energia elétrica terá pouco impacto para o consumidor final.
A cada ano, a matriz energética
incorpora volume considerável
de energia de usinas térmicas
movidas a óleo e carvão. Poluidora e consumidora de recursos
não renováveis, a energia dessas
fontes é expressivamente mais
cara que a hidrelétrica.
A origem da distorção remonta
à reestruturação do setor elétrico no governo Fernando Henrique Cardoso, cujo modelo esvaziou o planejamento da expansão do sistema de geração. A isso
se somaram atrasos na construção de novas usinas, associados a
problemas ambientais.
Os efeitos se fazem sentir agora e serão, por algum tempo, responsáveis pelo encarecimento
das tarifas ao consumidor.
Não bastassem os problemas
do passado, indefinições jurídicas do modelo concebido no governo Luiz Inácio Lula da Silva
ameaçam produzir elevação adicional do preço da energia elétrica em médio prazo. Um grande
conjunto de contratos de concessões de usinas hidrelétricas
vence a partir de 2015 e ainda é
uma incógnita se serão prorrogados ou novamente licitados.
Tampouco está claro qual mecanismo vai garantir que a energia de baixo custo produzida por
essas usinas -que tiveram seus
investimentos amortizados pelo
consumidor por meio das tarifas
pagas no passado- contribua
para abater o custo da energia
das novas geradoras incorporadas ao parque energético.
A permanecerem as indefinições, o Brasil corre o risco de
continuar a apresentar tarifas de
energia elétrica entre as mais caras do mundo -a despeito de deter um dos maiores potenciais
hídricos do planeta.
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