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CARLOS HEITOR CONY
Razão e paixão
RIO DE JANEIRO - Modéstia à
parte, meus senhores, eu sou da Vila, quer dizer, emendando o carioca
Noel Rosa, eu sou do Rio. Uma vitória suada, mas esperada. No painel
das finalistas, o Rio já se destacava
pela economia das letras (apenas
três) que indicava uma logomarca,
um cidade, um país que começa a
botar as manguinhas de fora em vários departamentos da realidade
internacional.
Em sete anos, o Rio terá a oportunidade de criar todas as condições
materiais e técnicas para a realização de um evento mundial do porte
de uma Olimpíada. Em 1950, quando não passávamos de grupo ainda
atolado no subdesenvolvimento,
sediamos uma Copa do Mundo e
construímos em tempo recorde o
maior estádio do planeta.
Veio depois o Rio-92, com mais
de cem chefes de Estado e de governo; vieram os Jogos Pan-Americanos; o alinhamento com o Bric
-países que se destacarão ao longo
do século 21. A louvar, mais uma
vez, o sucesso de Carlos Arthur
Nuzman, presidente de nosso comitê olímpico, que já se firmara nos
Jogos Pan-Americanos com sua diplomacia e capacidade.
Louvor também a Lula, a quem
não poupamos críticas diversificadas, mas que na hora das horas veste a camisa do povo com seu jeitão
inconfundível. Num pequeno -e
feliz- discurso em Copenhague, ele
expressou uma aparente contradição, falando que a vitória do Brasil
foi a vitória da paixão e da razão.
Razão e paixão geralmente se encontram em situações opostas, uma
negando a outra. Contudo, o resultado do Comitê Olímpico Internacional conseguiu premiar os dois
polos da condição humana, fazendo
a razão e a paixão decidirem uma
guerra pacífica que constituiu um
ponto significante para o bom entendimento da humanidade.
PS: por motivo de viagem, o cronista ficará alguns dias fora da
coluna.
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