Embora bastante expressiva, a melhora na avaliação da prefeita Marta Suplicy, conforme mostrou pesquisa Datafolha publicada ontem, não deve causar espanto. É bastante conhecida a dinâmica que grande parte dos governantes procura imprimir a seus mandatos, reservando para o período final da gestão as melhores notícias e as realizações de mais visibilidade e impacto.
Esse tipo de estratégia é especialmente perceptível no âmbito municipal. Alterações paisagísticas, asfaltamento de avenidas, obras, enfim, que minimamente modifiquem o cenário urbano são, ainda assim, muito rapidamente constatadas pela população. A prefeita Marta Suplicy tem feito, porém, mais do que isso. Procura melhorar o sistema de transportes, fornece uniformes para estudantes carentes e intervém na miserável paisagem da periferia. O caso mais conhecido é o dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), os "escolões" superequipados que vêm sendo construídos em algumas das regiões mais carentes.
Depois de um início difícil, a prefeita vai conduzindo metodicamente sua estratégia com vista à reeleição. Tem contado para isso com seu talento midiático, o generoso apoio do governo federal e gastos expressivos em publicidade e obras, situação que desperta justificadas inquietações sobre sua gestão econômica e as perspectivas de recuperação da combalida saúde financeira da cidade.
Com tudo isso, no entanto, é curioso observar que Marta -ela que até aqui, com Luiza Erundina, é a única candidata declarada ao pleito municipal- aparece atrás de Paulo Maluf na sondagem de intenção de voto. A rigor, trata-se de um empate, já que a diferença está dentro da margem de erro do levantamento. Obviamente há muito de "recall" nas menções a Maluf, personagem presente na política paulista desde 1969. É de notar também a boa cotação de Erundina, que tem perfil de esquerda, tendendo a retirar votos da atual prefeita. Seja como for, ainda é bastante cedo para maiores análises e prognósticos a respeito da disputa municipal.


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