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GUERRA URBANA
Dez bases da Polícia Militar e
uma da Guarda Civil Metropolitana foram alvos de atentados entre
anteontem e ontem em São Paulo.
Dois policiais morreram e pelo menos sete pessoas ficaram feridas.
Rajadas de metralhadora, tiros e
granadas dirigidos contra representações policiais não são novidade na
selvageria urbana brasileira. No Rio
de Janeiro, até mesmo as sedes da
prefeitura e do governo foram alvejadas. Não se havia visto porém, em
São Paulo, ações com a extensão e a
aparente coordenação das que ocorreram entre anteontem e ontem.
Ninguém ignora a profunda deterioração da segurança pública no
país nas últimas décadas. Não bastam para explicá-la apenas considerações -certamente pertinentes-
acerca do desemprego, do baixo nível educacional, da desigualdade social e da falta de alternativas da juventude de baixa renda. Tudo isso é verdade. Tudo isso contribui para o aumento da criminalidade.
É preciso, no entanto, também ressaltar o fato de que a atuação dos governos e das instituições públicas
voltadas para a área de segurança
tem sido de um modo geral desastrosa quando se trata de prevenir e reprimir o crime. Não se deve obviamente
condenar "in totum" os policiais e as
polícias, mas o que se tem visto nessas instituições é uma dinâmica que
oscila entre a corrupção e a extrema
violência -só no Estado de São Paulo, a crer nos dados oficiais, a polícia
mata cerca de três vezes mais do que
em todos os Estados Unidos.
Juntem-se a isso um sistema penitenciário precário, uma Justiça lenta
e autoridades incapazes de planejar e
coordenar ações governamentais, e o
que se tem é um verdadeiro cenário
de guerra. O país está a exigir uma reforma das polícias, do Judiciário e do
sistema penitenciário. Já é mais do
que hora de enfrentar o problema da
violência com coragem e determinação. Não é mais possível tolerar o
atual estado de coisas.
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