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São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

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GUERRA URBANA

Dez bases da Polícia Militar e uma da Guarda Civil Metropolitana foram alvos de atentados entre anteontem e ontem em São Paulo. Dois policiais morreram e pelo menos sete pessoas ficaram feridas.
Rajadas de metralhadora, tiros e granadas dirigidos contra representações policiais não são novidade na selvageria urbana brasileira. No Rio de Janeiro, até mesmo as sedes da prefeitura e do governo foram alvejadas. Não se havia visto porém, em São Paulo, ações com a extensão e a aparente coordenação das que ocorreram entre anteontem e ontem.
Ninguém ignora a profunda deterioração da segurança pública no país nas últimas décadas. Não bastam para explicá-la apenas considerações -certamente pertinentes- acerca do desemprego, do baixo nível educacional, da desigualdade social e da falta de alternativas da juventude de baixa renda. Tudo isso é verdade. Tudo isso contribui para o aumento da criminalidade.
É preciso, no entanto, também ressaltar o fato de que a atuação dos governos e das instituições públicas voltadas para a área de segurança tem sido de um modo geral desastrosa quando se trata de prevenir e reprimir o crime. Não se deve obviamente condenar "in totum" os policiais e as polícias, mas o que se tem visto nessas instituições é uma dinâmica que oscila entre a corrupção e a extrema violência -só no Estado de São Paulo, a crer nos dados oficiais, a polícia mata cerca de três vezes mais do que em todos os Estados Unidos.
Juntem-se a isso um sistema penitenciário precário, uma Justiça lenta e autoridades incapazes de planejar e coordenar ações governamentais, e o que se tem é um verdadeiro cenário de guerra. O país está a exigir uma reforma das polícias, do Judiciário e do sistema penitenciário. Já é mais do que hora de enfrentar o problema da violência com coragem e determinação. Não é mais possível tolerar o atual estado de coisas.


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