São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O novo na saúde
GIOVANNI GUIDO CERRI e JOSÉ MANOEL DE CAMARGO TEIXEIRA
Na área da pesquisa, dois protocolos de investigação genética foram aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HC e estão sendo desenvolvidos, na área de pesquisa de mutações em genes associados à infertilidade. Na andrologia, a linha de investigação é a dos fatores envolvidos na maturidade e função espermática. Na ginecologia, a linha de investigação envolve basicamente problemas ovulatórios. Pesquisa específica na área da reprodução assistida visa o desenvolvimento de protocolos de baixo custo para utilização em fertilização "in vitro". Assim, dentro da programação normal de implantação do CRH, essa fertilização "in vitro", um dos mais caros e complexos procedimentos no tratamento da infertilidade, deve ser um dos últimos a serem executados. É preciso que se tenha segurança de que todos os passos anteriores foram devidamente implantados para iniciar esta fase do programa. É o que vem ocorrendo no CRH. E chegou finalmente o momento. Há duas semanas, uma paciente iniciou o processo de estimulação da ovulação e, após ela, outra, e mais outra e, por fim, dezenas delas estarão passando por essa fase do programa que as conduzirá de forma progressiva e contínua à tão esperada fertilização "in vitro". "Entretanto se move..." Essa frase, atribuída ao físico e astrônomo Galileu Galilei, aplica-se a um momento da história da ciência. Como nos tempos de Galileu, as inovações tecnológica e técnica na área da saúde exigem discussão de seus aspectos sociais, culturais, éticos, financeiros, operacionais, organizacionais, pois o novo, a moda, nem sempre significa o melhor a ser feito para a saúde das populações. Por outro lado, a implantação de novos serviços de saúde obedece sempre à lógica de primeiro o mais simples e, depois que este está implantado com segurança, o mais complexo. Em saúde, a necessidade da população deve sempre ser companheira da oportunidade de obtenção dos serviços, pois só assim alcançaremos bons resultados com as ações programadas. O prover a vida passa pela intenção, vontade e direito dos pais, pela possibilidade, oportunidade, por garantias técnicas e deveres dos serviços e equipes de saúde e pela responsabilidade que é da sociedade. Nos tempos atuais não há setor, público ou privado, que esteja livre da questão da disponibilidade de recursos considerados ideais. Os recursos financeiros para a saúde serão sempre insuficientes. As necessidades crescem dia a dia, com as expectativas infinitas e infindáveis da população em obter serviços de saúde acessíveis e resolutivos. Cabe, de um lado, aos profissionais da saúde, representantes das ciências e do conhecimento e, de outro lado, aos políticos, representantes legítimos da vontade do povo, definir a aplicação ótima dos recursos disponíveis para propiciar melhor quantidade e qualidade de vida à população. Giovanni Guido Cerri, 50, médico, é presidente do Conselho Deliberativo do Hospital das Clínicas e diretor da Faculdade de Medicina da USP. José Manoel de Camargo Teixeira, 55, médico, é superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e professor da Fundação Getúlio Vargas. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Cesar Maia: Lula, o PT e a Federação Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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