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ELIANE CANTANHÊDE
Ninguém é perfeito
BRASÍLIA - Ao vencer as primárias democratas em Iowa, onde tudo começou, Barack Obama comemorou: "A esperança venceu o medo". Onde você já ouviu isso? Pois é,
Obama nos EUA, como Lula no
Brasil, fez a campanha da "esperança", da "mudança".
Uma guinada pró-John McCain
hoje não é impossível, mas é improvável. Em dando Obama, os democratas terão a Casa Branca e uma
maioria, tanto na Câmara como no
Senado, provavelmente impermeável às manobras obstrucionistas
dos republicanos.
Obama terá, assim, legitimidade
eleitoral, segurança no Congresso e
uma imensa simpatia internacional, aliadas a um imenso carisma
pessoal e a um poderoso discurso
de "transformação".
Para dentro dos EUA, espera-se
que ele interrompa o "ladeira abaixo" da maior economia do planeta,
que atropela a Europa e causa engarrafamento no mundo.
Para fora, espera-se que Obama
faça um mea-culpa pelos erros dos
EUA e adote uma política externa
aberta, dialogando com amigos e
com "inimigos", inclusive Chávez,
forçado a rever a retórica: como
chamar Obama de "diabo", como
faz com Bush?
O mundo precisava dos EUA.
Agora, os EUA não mandam mais
sozinhos e precisam do mundo. Até
para sair da própria crise.
Com a expectativa "para dentro"
e "para fora", Obama deve manter a
tradição democrata de subsidiar a
produção interna em detrimento
da importação de países como o
Brasil, mas deve fortalecer o ansiado "multilateralismo". E os "emergentes", novamente como Brasil,
terão cada vez mais voz e respeito.
Em outras palavras: Obama pode
não agradar os exportadores brasileiros, mas deve investir num equilíbrio melhor entre as nações. O
preço compensa. E, afinal, ninguém
é perfeito.
Fusão Itaú-Unibanco: bom para o
sistema, coitado do cliente.
elianec@uol.com.br
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