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ANTONIO DELFIM NETTO
Boa safra
2009, O ANO da "Grande Crise", já vai caminhando para o
final, e nós, brasileiros (ao
contrário da maioria dos povos do
mundo), podemos contabilizar
uma safra bastante razoável de
boas notícias na economia: depois
da imersão forçada no final de
2008 (e de continuar "fazendo
água" no primeiro trimestre deste
ano), a economia iniciou uma saudável recuperação e vai entrar
2010 crescendo com vigor.
Este é o dado que interessa: voltamos a crescer mais do que o
mundo. "That's the point", dizem
os "gringos": "Os caras deram a resposta menos esperada"... Como é
natural, entre nós algumas pessoas
desmerecem essa visão periférica e
podem até ter razão: o conhecimento que se tem do Brasil lá fora
é, obviamente, incompleto.
Esse desconhecimento só perde,
às vezes, para o distanciamento
que nós próprios mantemos a respeito de alguns problemas vitais
deste nosso país-continente (ainda
agropastoril) e da gente que o povoa e o faz caminhar para se tornar
uma potência agroindustrial.
Quando o presidente Lula lançou solenemente, em junho, o Plano Agrícola e Pecuário para a Safra
2009/2010 -numa grande festa no
Paraná-, imaginei que além da repercussão do momento iríamos assistir a um bom debate na mídia sobre os avanços ali anunciados e as
dificuldades que o setor encontra
para receber os benefícios prometidos. Continuamos, no entanto,
observando um grande silêncio.
A importância dessa questão é
"apenas" porque 2010 será decidido em grande parte pelo resultado
da safra agrícola: se a economia vai
continuar em festa ou se vai se juntar às lamentações do mundo em
crise. Num desses climas vai-se determinar o nosso futuro político.
Por esses motivos relevantes é preciso enfrentar os problemas hoje.
O Papi -Plano Agrícola e Pecuário-, se cumprido, nos fará caminhar para uma política agrícola
moderna e eficiente, que dará garantia de renda para os produtores.
Continua sem solução, por
exemplo, a questão da dívida que os
agricultores acumularam no passado devido à sinistra combinação
da volatilidade de renda do setor
com oportunísticas políticas de
combate à inflação. A agricultura
só se livrará desse pesadelo à medida que se puder amenizar a volatilidade da renda agrícola pelo desenvolvimento simultâneo do seguro e
de instrumentos financeiros para
travar os preços.
Há mais duas questões que devem ser enfrentadas. Uma é a do
desrespeito frequente à instituição
da propriedade privada, que tende
a reduzir os investimentos na agricultura; a outra é a da relação desgastante entre a atividade agrícola
e a conservação do meio ambiente.
contatodelfimnetto@uol.com.br
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras
nesta coluna.
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