|
Próximo Texto | Índice
ÀS PORTAS DO BNDES
Configura-se para o governo
do presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva uma situação dramática
no que diz respeito à saúde financeira de algumas grandes empresas
brasileiras. Já agora, nos estertores
da gestão de Fernando Henrique
Cardoso, proliferam notícias acerca
de companhias com sérias dificuldades para honrar suas dívidas. Também começam a surgir algumas operações, por exemplo via BNDES, visando a evitar a insolvência de alguns
grupos empresariais.
Um fator que une esses casos de dificuldade empresarial é o súbito e
agudo encarecimento das operações
denominadas em moeda estrangeira, que se seguiu a um período em
que o endividamento externo e a importação de insumos foram estimulados pela política econômica. O outro elemento em comum é a existência de um vínculo mais direto com o
governo -seja no nível creditício,
caso dos empréstimos do BNDES,
seja no regulatório, caso de ex-estatais das áreas de energia elétrica e telecomunicações.
O governo federal não pode simplesmente virar as costas para esses
problemas de solvência, principalmente porque o Estado tem interesse
direto em recuperar os créditos emprestados e em que os serviços básicos continuem a funcionar.
Porém o que não se admitirá nessa
nova rodada de aproximação entre
interesses públicos e privados é a volta da velha tradição clientelista, em
que empresários malsucedidos se
apropriam do Estado apenas para
salvar a própria pele. Somente empresas cujo negócio demonstre viabilidade devem ser recapitalizadas;
empresários ou grupos controladores que comprovadamente fizeram
gestão temerária devem ser afastados a bem dos credores; a máxima
participação de capitais privados deve ser objetivada; e, principalmente,
todas essas operações devem ser feitas com absoluta transparência.
O futuro governo Lula, portanto,
estará diante de uma encruzilhada
que pode tanto levar a um retrocesso
na relação Estado-empresas quanto
à sua desejada modernização.
Próximo Texto: Editoriais: AJUSTE NA META Índice
|