São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Aids e hepatite
"O professor Jatene, ao reconstruir detalhadamente os passos do Programa Nacional de DST-Aids ("A atuação de Lair contra a Aids", "Tendências/Debates", pág. A3, 1º/12), revela sensibilidade e noção de justiça histórica raras neste "país sem memória".
Resgata a memória de Lair Guerra e a sua corajosa ação em uma época de obscuridade iluminada por ela e por outros. Resgata as ações pioneiras surgidas em Santos à época do saudoso David Capistrano. E é nesse espírito que torço para que essa comunhão de idéias e de ideais mais uma vez saia do litoral paulista para o Brasil, auxiliando na implantação da assistência relativa à hepatite C, algoz silencioso de metade dos pacientes que morrem em decorrência do HIV nos dias atuais e de tantos outros não co-infectados. Aqui, temos "semanas de prevenção às hepatites". Oxalá nesses novos tempos tenhamos "dias de combate" e um programa nacional tão relevantes e fortes quanto o da Aids para enfrentar essa doença."
Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, médico infectologista do Centro de Referência em Hepatites da Penha -São Paulo- e do ambulatório de hepatites do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Santos, SP)

Aids e preconceito
"Nesse Dia Internacional de Combate à Aids, a Organização Mundial da Saúde considerou o preconceito como o maior entrave ao desenvolvimento do combate à epidemia. A idéia conservadora de que há uma degradação no comportamento a demandar reversão é preconceituosa e contrária às recomendações dos organismos internacionais ligados à ONU.
Somente o respeito aos direitos humanos e aos direitos individuais e sociais tem produzido efeitos positivos na luta contra a epidemia.
É questão de cidadania e de saúde pública desenvolver campanhas contra o preconceito e em favor da informação e do respeito às opções individuais, com ampla distribuição de preservativos masculinos e femininos e de material descartável para uso de drogas injetáveis.
Há, sim, necessidade de mudança de atitudes, mas para que se promova a quebra de preconceitos e de tabus."
Wilson Pirotta, juiz do trabalho (Santos, SP)

Novo governo
"Indagado, numa roda de amigos do presidente Lula, que função eu gostaria de desempenhar no governo, respondi em tom de brincadeira: "capelão do Palácio da Alvorada". Daí a informar aos leitores, como fez ontem a nota "Auxílio espiritual" ("Painel", Brasil, pág. A4), baseada em alguma fonte maliciosa, que pedi "para morar" no Alvorada, vai uma distância abissal. Pena que o jornal não me tenha ouvido para checar a informação."
Frei Betto, frade dominicano e escritor (São Paulo, SP)

Ambiente
"A coluna "Painel" tem sistematicamente dado informações inexatas a meu respeito, colocando-me como pleiteante ao cargo de ministro de Estado, envolvendo o nome do meu pai e dando sempre a conotação de fisiologismo.
Meu pai é mesmo bom pai -como disse o "Painel" ontem na seção "Tiroteio'-, porque jamais interferiu em minha vida e sempre me deu liberdade para assumir as posições que assumi sempre ditadas pela minha consciência.
Podem o informante e o "Painel" ficar tranquilos, pois já fui ministro (reconhecido por ONGs e por organismos nacionais e internacionais), mas não desejo, não pleiteio e não aceito o cargo de ministro."
Sarney Filho, deputado federal -PFL-MA (Brasília, DF)

Abacaxis
"Não sabemos se o novo governo receberá um "abacaxi" do governo que se despede ou se está comprando um grande e azedo abacaxi ao colocar o rancoroso Ciro Gomes como ministro. Por que não Roberto Freire? Não existe ninguém melhor do que ele no PPS."
Leila E. Leitão (São Paulo, SP)

Futebol na Vila
"É lamentável que o Santos não possa realizar o primeiro jogo das finais do Campeonato Brasileiro em seu estádio apenas devido à diferença de 5.000 lugares. É hora de a diretoria arregaçar as mangas e providenciar as obras necessárias para atingirmos o mágico número de 25 mil lugares, pois muitas outras finais virão e precisamos estar preparados para fazer valer os nossos direitos."
Hélio Ramos Aurélio (Santos, SP)

Tarifas
"Parabenizo a Folha pelo editorial "Tarifas x regras" (Opinião, pág. A2, 2/12). O texto era sintético, mas muito esclarecedor, principalmente porque dados concretos foram apresentados. Dados concretos, na minha modestíssima opinião, são fundamentais nos editoriais. A emissão de opinião pura e simples sobre um determinado tema soa como "retórica vazia", como uma "obrigação" do jornal de preencher esse espaço.
Gostaria de ler algo sobre os subsídios agrícolas e a indústria do aço nos EUA."
André Castello Branco Colotto (São Paulo, SP)

Transportes
"A Folha tem insistido em dar um caráter policial aos problemas enfrentados pela nossa administração com os empresários de ônibus. Por diversas vezes, afirmou haver irregularidades na utilização de recursos da conta-sistema (conta que não recebe recursos orçamentários) para garantir o retorno à operação de duas empresas -com o pagamento de salários e a garantia de emprego para os trabalhadores. Desconsidera o decreto municipal que regulamenta o tema, nunca contestado judicialmente, sendo que até agora não houve nenhum posicionamento do Ministério Público sobre o tema. Apesar de todos os esclarecimentos prestados, continua noticiando que eu disse que R$ 1,044 milhão foi transferido às empresas (quando esse foi o valor descontado por conta de multa contratual pela não-renovação da frota).
Afirma em título que "Promotoria quer acareação", quando, na verdade, isso é uma possibilidade.
Já no domingo (1º/12), afirma no "Painel" (nota 'Telhado de vidro') que existe um "escândalo nos transportes", novamente lançando insinuações sobre a nossa administração. Talvez não houvesse nenhum "escândalo" se continuássemos a dar subsídios aos empresários, se não tivéssemos fiscalizado com rigor, se não tivéssemos rompido o contrato com o segundo maior grupo de empresas da cidade (por fraude na remição de passes -pouco destacada pela Folha), se não tivéssemos nos proposto a licitar o novo sistema, fato que não acontece na esmagadora maioria das cidades deste Brasil."
Carlos Zarattini, deputado estadual -PT-SP, ex-secretário municipal dos Transportes (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Alencar Izidoro - A Folha afirmou que há investigações e suspeitas de irregularidades no repasse de recursos às empresas de ônibus. A informação sobre a transferência de R$ 1,044 milhão a quatro empresas -e não a duas- foi dada em entrevista coletiva concedida por Zarattini em 13 de novembro, cujo teor foi amplamente divulgado pela imprensa no dia seguinte e só contestado por ele depois de 15 dias. O rompimento de contrato por fraude na remição de passes foi destacado pela Folha, com exclusividade, em 7 de setembro.


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