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A LEI DE CHÁVEZ
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, vai dando indícios de que talvez não acate o resultado da coleta de assinaturas que poderá convocar um plebiscito sobre a
sua permanência no poder. Dois dias
depois de acusar a oposição de promover uma "megafraude" para abreviar seu mandato, Chávez criticou o
secretário-geral da Organização dos
Estados Americanos (OEA), César
Gaviria, acusando-o de favorecer
seus adversários. Gaviria havia dito
que não foram constatadas fraudes
generalizadas na coleta, no que foi
acompanhado por outros observadores internacionais.
Cabe agora ao Conselho Nacional
Eleitoral (CNE) analisar a validade
das assinaturas. Se o número de firmas legais chegar a 2,4 milhões
(20% do eleitorado), Chávez deverá
submeter-se a um referendo, provavelmente entre março e abril de 2004,
que poderá encurtar seu mandato,
previsto para acabar em 2007.
Em vez de aferrar-se a bravatas, o
presidente Chávez deveria receber
com serenidade o resultado da campanha de coleta de assinaturas. Trata-se, afinal, de um dispositivo da
Constituição que o próprio Chávez
propôs e que foi aprovado pelo Congresso e pela população.
É verdade que a tentativa de golpe
contra o presidente perpetrada pela
oposição em abril de 2002 contribuiu
para acirrar os ânimos e levar o país a
um clima de confronto, mas a solução para essa situação está não na retórica nem na força, mas na aceitação das regras democráticas.
Ainda que Chávez venha a ter seu
mandato abreviado, ele poderá, em
princípio, disputar uma eventual
eleição à sua própria sucessão. Nesse
caso, concorreria com chances, pois
muito provavelmente enfrentaria
uma oposição dividida -e não mais
unida como agora.
Seja como for, Chávez precisa caminhar nos limites da legalidade. Foi
por ser o legítimo presidente da Venezuela que recebeu o apoio do Brasil quando precisou. E é só nessa
condição que o Brasil deve apoiá-lo.
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