São Paulo, segunda-feira, 04 de dezembro de 2006

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Parasitas independentes

SÃO PAULO - O presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, deu algumas lições simples e oportunas de espírito público e compromisso democrático na entrevista que concedeu à Folha na última quarta-feira.
Suas posições contrastam em tudo com o que há hoje de mais obscurantista e autoritário no petismo e em setores do governo, justamente aqueles que pretendem usurpar a bandeira da "democratização da mídia". O bom senso de Bucci afasta o queijo dessas bocas magras.
Uma das vítimas da entrevista é a noção de "imprensa independente", disparate forjado para designar um conjunto de pequenos veículos de comunicação governistas que faria frente à "mídia burguesa". Nada contra os nanicos, mas vamos chamar as coisas pelos seus nomes.
Um jornal independente, diz Bucci, "não depende nem de verbas públicas nem da participação privilegiada de um anunciante em particular". Mas o PT tucanou: chama de "imprensa independente" (ou "alternativa") aquela que depende de verbas públicas e apóia o governo que lhe sustenta. Perto dessa gente, a Radiobrás é subversiva.
Sim, devemos democratizar a mídia. Mas isso não pode ser apenas sinônimo de disputa por fatias do bolo publicitário do governo ou, muito menos, se confundir com demanda por mais impunidade diante de desmandos bem conhecidos.
Qual a pauta de um governo cujo ministro das Comunicações é Hélio Costa? Quais os interesses de um governo que tem como grande aliado José Sarney? E o que dizer da Gamecorp de Lulinha, que tem como sócia a Telemar, uma concessionária pública, e recebe 50% da verba publicitária oficial destinada à Play TV, ex-Rede 21?
Mais: quanto dinheiro este governo já transferiu para as contas de Duda Mendonça -o homem do "paz e amor" que o PT pagou pelo caixa dois? E o caso das cartilhas promocionais de Lula, que custaram quase R$ 12 milhões ao erário e teriam sido entregues ao PT, mas que ninguém sabe, ninguém viu?
Nada disso cabe na pauta da "mídia alternativa" ou entra na cabeça dos ideólogos do "outro mundo" que vivem de parasitar o poder.


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