São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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Cálculo de risco

ENTRA ANO, sai ano, e o setor elétrico nacional continua de olho nas nuvens. As chuvas da primavera atrasaram um pouco. Os níveis dos reservatórios hidrelétricos do Sudeste e do Centro-Oeste estão abaixo do desejável para começar 2008 sem inquietação. Pela metodologia vigente para calcular o risco de faltar água, as usinas termelétricas teriam de entrar em operação já em janeiro, a fim de manter o volume das represas na margem de segurança.
É certo, porém, que faltará gás natural para isso (como ficou evidente em outubro, quando a Petrobras deixou de atender a alguns clientes fora do setor elétrico). Mude-se, então, a metodologia: grosso modo, essa é a proposta do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por controlar geração e transmissão de energia elétrica.
A alteração, já esperada, materializou-se em cifras, publicadas ontem pelo jornal "Valor". Pela regra anterior, as termelétricas teriam de ser ligadas se o nível dos reservatórios ficasse abaixo de 61%. Pela proposta encaminhada pelo ONS à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o limite passaria a 36%.
Nada mudou no mundo real, claro está. O que se alterou foi a percepção da energia termelétrica como um seguro para a hidreletricidade. O ONS corrobora sua proposta (que terá decisão da Aneel em meados do mês) com razões técnicas, é verdade, como um excesso de conservadorismo na metodologia de cálculo. Mas fica a a pergunta: por que a alteração não foi apresentada antes?
Surgir com a idéia na véspera do mês problemático recende a improviso, ou casuísmo. Numa quadra em que o consumo de eletricidade cresce a 5%, mais que o PIB, previsibilidade é fator crucial em decisões de investimento. Apenas adiar o risco não ajuda o país a crescer.


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