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Cálculo de risco
ENTRA ANO, sai ano, e o setor
elétrico nacional continua
de olho nas nuvens. As chuvas da primavera atrasaram um
pouco. Os níveis dos reservatórios hidrelétricos do Sudeste e do
Centro-Oeste estão abaixo do
desejável para começar 2008
sem inquietação. Pela metodologia vigente para calcular o risco
de faltar água, as usinas termelétricas teriam de entrar em operação já em janeiro, a fim de manter o volume das represas na
margem de segurança.
É certo, porém, que faltará gás
natural para isso (como ficou
evidente em outubro, quando a
Petrobras deixou de atender a alguns clientes fora do setor elétrico). Mude-se, então, a metodologia: grosso modo, essa é a proposta do Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS), responsável por controlar geração e
transmissão de energia elétrica.
A alteração, já esperada, materializou-se em cifras, publicadas
ontem pelo jornal "Valor". Pela
regra anterior, as termelétricas
teriam de ser ligadas se o nível
dos reservatórios ficasse abaixo
de 61%. Pela proposta encaminhada pelo ONS à Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), o limite passaria a 36%.
Nada mudou no mundo real,
claro está. O que se alterou foi a
percepção da energia termelétrica como um seguro para a hidreletricidade. O ONS corrobora sua
proposta (que terá decisão da
Aneel em meados do mês) com
razões técnicas, é verdade, como
um excesso de conservadorismo
na metodologia de cálculo. Mas
fica a a pergunta: por que a alteração não foi apresentada antes?
Surgir com a idéia na véspera
do mês problemático recende a
improviso, ou casuísmo. Numa
quadra em que o consumo de
eletricidade cresce a 5%, mais
que o PIB, previsibilidade é fator
crucial em decisões de investimento. Apenas adiar o risco não
ajuda o país a crescer.
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